Por Manoel Hygino
Ainda não foi o fim, mas um passo importante no esvair do processo dito do mensalão, desencadeado há oito anos com a denúncia do maior escândalo de corrupção da história do país. Assim é considerado por autoridades judiciais e políticas que de perto conhecem o problema e sua gravidade. No dia em que se comemorava mais um aniversário da República, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, decretou pessoalmente a prisão de uma dúzia dos 25 réus condenados, assinando os respectivos mandados.
Embora se esperasse um período de lazer, decorrente do feriado da sexta-feira, 15, e enquanto milhões de veículos ocupavam as rodovias em engarrafamentos sem fim, a Polícia Federal aguardava que os condenados se apresentassem, embora preparada para buscá-los onde estivessem. Na data, Dilma Rousseff divulgou mensagem, afirmando que o papel da “presidente da República é combater a corrupção”, parecendo coadunar-se com o momento que a nação vivia, embora próceres do partido que sustenta o governo eram conduzidos à PF ou a ela compareciam.
Como previsto, os réus mais notórios deixaram uma cena para entrar em outra, fazendo o que rotineiramente se faz. Adotaram o jus esperniandi, incorporado à prática do sistema, mesmo não inserido como “instituto” nos direitos das gentes. Os Josés, Dirceu e Genoíno, formularam severas críticas ao comportamento da mais alta corte do país, acusando-a de julgamento político e de serviçal dos interesses das elites e da mídia.
Disseram-se inocentes, deram vivas ao partido, o principal condenado pelas ações ilícitas de filiados representativos, ao aceitar práticas ilegais, como demonstrado ficou com a PEC 470. Um dos réus, cuja prisão se decretou, esperava que o processo terminaria em pizza, como o seu próprio nome sugeria, e escafedeu-se à pátria de nascimento. Constatara antecipadamente que a situação desta vez não repetiria tantas outras contidas na cachoeira de recursos, geradores de procrastinações e adiamentos. A realidade denegria o prestígio da nação e a confiança no próprio governo e instituições.
Espera-se que a nação retome o caminho da dignidade, tão duramente conspurcado. Milhões de pessoas deste país querem pouco: paz, educação, trabalho, saúde e firme correção no uso de seu dinheiro.
