Negro: da senzala à Casa Branca

Jornal O Norte
Publicado em 07/11/2008 às 10:06.Atualizado em 15/11/2021 às 07:49.

Adilson Cardoso


Aprendiz de escritor



Nem o assassinato do presidente Lincoln cinco dias após sua reeleição, em 1865, foi capaz de mudar os ânimos no meio dos escravistas e racistas do Sul derrotado. Nesse mesmo ano surge uma associação de pessoas que tinham como objetivo impedir a integração social dos negros recém-libertados, de adquirir terras e  ter direitos concedidos a outros cidadãos brancos, como o direito ao voto. Esta sociedade, de nome Ku Klux Kan, agia com todos os métodos que lhe fossem adequados para seus intentos, torturas, extorsões, assassinatos e outras barbáries afins.  



Mas o negro filho da coragem não se entregou em nenhum momento, chorando com as chibatadas no lombo, mas sonhando com a liberdade que acompanhou o pastor Earl Litle até o dia em que foi assassinado por um grupo de racistas denominado Legião Negra. Além de ser pai de Malcom X, sob as idéias de Marcos Garvey dizia que, para o negro liberdade, independência e amor próprio, como o retorno à África. Vivendo esta máxima, diversos outros negros se fizeram entrar para a história no país que se intitula gerente do mundo. O país que aponta as feridas que estão em outras peles com o dedo leproso, a ponto de precipitar-se ao solo pela necrose visível. 



Em 1955, uma costureira desconhecida de nome Rosa Park, após sair do trabalho tomou o ônibus em direção a sua casa. Sentou-se  no lugar que era rotulado para pessoas de cor. Do meio para o fim do veículo o motorista a certa altura em que o coletivo lotou, ela e mais quatro passageiros negros foram convocados a se levantarem dos seus lugares para cedê-los aos brancos que estavam em pé. Rosa não acatou e foi levada direto para a delegacia, considerada culpada pelas acusações. Presa, pagou fiança e saiu, mas perdeu o emprego logo que a notícia se espalhou.



A repercussão dividiu as atenções e muitos ativistas negros iniciaram protestos sob a liderança de Martin Luther King, desconhecido pastor local, que conseguiu que toda a comunidade negra de Montgomery boicotasse os ônibus, durante quase um ano, fazendo com que a suprema corte considerasse inconstitucional às leis que separavam os lugares nos coletivos, dividindo brancos e negros.



Rosa Parks faleceu em outubro de 2005, deixando seu legado de coragem e resistência, pois se naquele dia tivesse se levantado para dar o lugar ao homem branco, as relações raciais talvez não tinham melhorado e os restaurantes, bares e até escolas ainda estavam divididos por cor de pele.



Luther King tornou-se, em 1957, presidente da Conferência da Liderança Cristã do Sul, intensificando sua atuação em defesa dos direitos civis por vias pacíficas, como referência ao líder indiano Mahatma Gandhi. Com a incansável luta denunciando e incitando os  outros negros a buscarem seus direitos, conseguiu que em 1963 mais de 200 mil pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em Washington, ocasião em que proferiu seu discurso mais conhecido - Eu tenho um sonho. Dessas manifestações nasceram as leis dos direitos civis de 1964 e 1965, o ultimo foi o ano em que ganhou o prêmio Nobel da paz, e em 1968, quando apoiava uma greve de catadores de lixo, foi assassinado por um opositor, mas deixou sua mensagem:



- Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo caráter e não pela cor da pele.



O sonho do pastor Luther King se consolida 40 anos depois da sua viagem para a outra dimensão. O país que mais produziu desgraça em nome da salvação dos seus interesses vis elege um negro  de nome  Obama, que rima com Osama, aquele que o Bush agonizará eternamente por ter tido seu orgulho de serial killer ferido. Esse mesmo presidente tem sobrenome de Hussein, como  o Sadam assassinado pelas leis fabricadas pelos desejos comuns de usurpar o petróleo do iraquiano.



Esse negro tem 47 anos e é casado com Michelle Obama desde 1992. É pai de Malia e Natasha. E se tornou o patrono internacional dos sonhos de todo negro marginalizado pelo preconceito deste mundo doente.

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