Natal dos velhos e novos tempos, por Edson Honorato

Jornal O Norte
Publicado em 22/12/2006 às 10:54.Atualizado em 15/11/2021 às 08:47.

Era um revólver de alumínio batido ou mesmo uma réplica de bereta em plástico. Não importava, o gostoso mesmo era o que ganhávamos, pois o valor era inestimável. Colocávamos na cintura e saiamos por aí numa imitação de cow-boy e gângster e valia a pena. Os nossos carrinhos em madeira ou em plástico tinham a durabilidade de poucas semanas, mesmo assim a gente curtia de montão, as bolas eram de borracha e cheias de gorgulho, impressionando bastante os olhares inocentes de todos nós.



As meninas ganhavam bonecas peladas de plástico, de papelão, de olhos pintados e os vestidos elas mesmas se preocupavam em vesti-las. Os meninos de família mais importantes ganhavam revólveres com cabo branco estilo dos artistas dos filmes de faroeste, bolas de capota, pião, ioiô, gaitas com chave, flautas mais sofisticadas.



As meninas, bonecas com cabelos longos e loiros, já com vestidos e sapatinhos, bolas multicolores, pequenos pianos. O mais interessante é que todos brincavam sem distinção e preconceito.



Os tempos passaram, veio então a perversão, os revólveres são de verdade de calibres 38, 32, e os meninos pobres ganham os de calibre 22 e os presentes estão pela frente, para sermos assaltados. Os presentes de hoje são diferentes, os que acompanharam os tempos, os nossos jovens mais humildes querem mesmo é ganhar celular com as mais sofisticadas tecnologias, tiram fotos, gravam, filmam...



Os filhos de pais abastados dão carros do ano envenenados, motos de altas cilindradas tipo exportação para o cemitério. Existem também os filhos de intelectuais que querem mesmo um computador, para desvendar as maravilhas do mundo. Outros para entrar no orkut, msn para suas abobrinhas e fuxicos. Já outros depravados, para saciar sua taras com sites pornôs.



Prefiro minhas noitadas de Natal de meus tempos, regadas a cânticos nos presépios de papéis pintados e personagens representando o menino Deus de barro, do que essas noites de hoje, que já não há, as belezas inocentes de que papai Noel existe, noites em que saíamos pelas ruas despreocupados. Bem diferentes são as noites de hoje, em que existem muitos papais noéis por aí assaltando, vendendo drogas, estuprando e assassinando o menino Deus.






Edson Honorato é cronista e funcionário publico

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