Na corda bamba, por Edmilson Guimarães - publicação de quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Jornal O Norte
Publicado em 21/12/2006 às 10:29.Atualizado em 15/11/2021 às 08:46.

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CÂMARA MEDROSA



Por causa da manifestação de ex-servidores municipais demitidos da Esurb e de funcionários que reivindicam o pagamento do décimo terceiro ainda neste ano, os vereadores ligados ao prefeito Athos Avelino simplesmente não compareceram à câmara municipal na manhã de ontem, quarta-feira, quando estava marcada uma reunião para votar projetos importantes para o povo de Montes Claros. Não se sabe se, por vontade própria ou a mando do prefeito, seus vereadores não compareceram à última reunião ordinária do ano, o que pode ser considerado um grande desrespeito à população que os elegeu e que exige, no mínimo, que eles participem das reuniões.



PREFEITO FUJÃO



Sem poder reclamar aos vereadores, os manifestantes resolveram reclamar com o prefeito. Partiram então para o terceiro andar do prédio da Cula Mangabeira, e na porta do gabinete foram barrados pela guarda municipal, que tem se transformado em “guarda pessoal” do prefeito, e pela PM, que também foi acionada. Os manifestantes, através da diretoria do Sindserv - Sindicato dos servidores públicos municipais, tentaram falar com o prefeito ou, pelo menos, com um assessor. Em vão. Foram informados de e que o prefeito havia saído pelos fundos, usando seu elevador particular.


- O prefeito é um fujão - gritaram alguns manifestantes ao saberem da notícia.



SOCORRO AO BISPO






Antigamente, quando uma cidade enfrentava graves problemas e sentia a completa incapacidade e inoperância de suas autoridades, a única solução era “recorrer ao bispo”. Como a igreja não tem mantido a neutralidade necessária não em relação a posicionamentos, mas a candidatos, resta-nos um único socorro. A sociedade organizada deve recorrer ao ministério público e à justiça para impedir o caos administrativo que se instala, e que é inédito nos 150 anos de nossa cidade.



ETE FANTASMA



Quem chamou a atenção para a aberração foi o vereador Athos Mameluque, na reunião de terça-feira da câmara. Entre os muitos absurdos veiculados na campanha milionária que a prefeitura faz na TV, onde obras dos governos estadual e federal são mostradas como se fossem da administração, um deles chega a ser sinistro. Se as obras de construção da Ete - Estação de tratamento de esgoto da Copasa ainda nem começaram, como é que a propaganda mostra imagens da Ete pronta? Mistério/image/image.jpg?f=3x2&w=300&q=0.3"justify">O prefeito municipal instituiu, entre os mais de dois mil novos funcionários que contratou, um novo cargo até agora inédito nas prefeituras do país. Trata-se do censor/inquisidor, cargo ocupado por um ex-jornalista e hoje advogado, que passa o dia lendo jornais e ouvindo rádio, na esperança de encontrar algo que desagrade o prefeito para, então, processar o jornalista. A função é uma mistura dos antigos inquisidores da igreja católica com os censores da ditadura militar. Só falta agora criar o serviço de inteligência da guarda municipal para vigiar a mandar bater em jornalistas.



DITADURA DE ESQUERDA



A idéia do prefeito é simples. Como tanto o advogado como as custas processuais são pagos com dinheiro não dele, mas do contribuinte, ele sai processando todo mundo na esperança de que ninguém mais tenha coragem de criticá-lo. Vinda de uma administração cujo prefeito foi eleito pelo PPS, antigo PCB, que tanto foi perseguido pelo regime militar, a atitude só confirma o raciocínio de um colega de imprensa:


- Ditadura de esquerda é ainda mais cruel que ditadura de direita.


Em tempo: Se o sensor/inquisidor não gostar da notinha, eu tô ferrado!



CANTEIRO DE OBRAS



A foto que ilustra a coluna de hoje foi feita por sugestão de uma coleguinha de imprensa. Num exercício de ficção, estávamos enumerando as obras realizadas na cidade pelos governos do estado e federal, apenas para calcular o que sobraria caso a prefeitura resolvesse fazer propaganda de sua reais obras, das que ela mesma fez. Foi aí que a coleguinha lembrou que, por eliminação, restaria o canteiro feito em frente à prefeitura, onde uma escada foi modificada e foram plantadas umas florzinhas, sob a supervisão pessoal da primeira dama. Eis, então, o verdadeiro canteiro de obras da prefeitura. Ou seria obra de canteiro?


 


AGRADECIMENTO



Gostaria de agradecer as inúmeras manifestações de solidariedade e apoio que tenho recebido por telefone, e-mails e pessoalmente, em relação ao episódio amplamente divulgado, de perseguição do prefeito Athos Avelino a mim e à minha família. A todos que me aconselharam a não me intimidar, a certeza de que ele não conseguirá seu intento, até porque sua permanência no poder é passageira.


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