*Laura Conrado
Quantas vezes lançamos mão dessa frase por falta de conhecimento e apego aos estereótipos, onde a feminina é delicada, passiva e impecavelmente arrumada, e a feminista é máscula, descuidada e agressiva.
Embora nossa cultura esteja sendo remodelada, sabemos que grande parte do nosso comportamento foi moldado num contexto patriarcal. O machismo está nas empresas que preferem contratar homens e no mercado de trabalho que não remuna os gêneros com igualdade.
Mas ruim mesmo é perceber essa mentalidade entre as próprias mulheres. A culpada por uma traição é sempre a mulher, xingada até a próxima geração enquanto o homem... Ah, ele apenas cumpriu com seu papel social de macho. Mulheres jovens e saudáveis desejam ser sustentadas por homens, como se fossem incapazes de viver do próprio esforço. Líderes religiosas, que largam os maridos e os filhos para viajarem o mundo cantando, sentam num banquinho e dizem a uma plateia repleta de mulheres que “não é porque todo mundo faz faculdade que você tem que fazer”. (Alguma forma mais segura de atrasar uma mudança do impedir o conhecimento?). Será que ela alçaria voos tão altos em sua igreja antes da Revolução Feminista?
Como bem me lembra minha amiga Fabiana Léo, mestranda em História pela UFMG, se o machismo é um sistema de opressão às mulheres, qualquer “vantagem” que uma mulher possa obter dentro desse sistema não é verdadeiramente uma vantagem, só uma ilusão. Todas nós perdemos quando uma mulher socialmente ludibriada age dessa forma.
Se você fez uma faculdade, se escolhe o que veste e a hora de fazer sexo, se tem planos profissionais, se é realizada num trabalho, se tem seu próprio dinheiro, é porque, lá trás, alguém queimou o sutiã para você. As mulheres lançam mão dos avanços feministas, mas temem ser uma.