*Laura Conrado
A frase da escritora e filósofa francesa Simone de Beauvoir sempre me causou estranhamento – como quase todas as suas ideias. Comecei a compreendê-la quando fiz 25 anos. Há muito tempo, ouvi uma psicóloga dizer que deixamos mesmo de ser adolescentes nessa idade. Mesmo com controvérsias acerca do final da adolescência, para mim o número faz sentido. Por volta dos 24 anos, reconheci que deveria abrir mão de uma série de fantasias e ideias megalomaníacas para crescer.
Há alguns dias, estive num bate-papo com a Dra. Carmita Abdo, psiquiatra e sexóloga, da USP, autora de importantes pesquisas sobre a saúde e o comportamento da mulher. O evento foi promovido pela Johnson & Johnson, em função dos 35 anos do Carefree. (Valeu o convite!)
Durante a exposição dos dados que elucidavam a diferença entre mulheres da minha geração e das passadas, essa frase da (agora) amiga Simone de Beauvoir, vinha à minha mente: “não se nasce mulher, torna-se.” Nascer com o sexo feminino em nada tem a ver com ser mulher. As características atribuídas ao ser mulher não dependem da natureza, mas de imposições culturais, contexto histórico e mitos. Minha avó aprendeu a ser mulher de jeito, minha mãe de outro e eu, ainda estou aprendendo o meu. Ter 29 anos e ainda me permitir descobrir o meu jeito de viver e ser mulher faz toda diferença.
Talvez esse seja o melhor benefício que a minha geração tem: o de escolher. Se antes a profissão (ou a falta de uma), o casamento, o sexo e os costumes eram impostos, hoje podemos lançar mão do direito de escolher, assumindo os ônus e bônus das nossas ações. E só as mulheres adultas arcam com as perdas e os ganhos sem responsabilizar ninguém, não? Esse pode ser um bom jeito de fazer valer as lutas das mulheres que nos precederam.
