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Sexta-Feira,18 de Outubro

Montes Claros e o grande baile

Jornal O Norte
28/06/2006 às 10:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:38

João Caetano Canela

Pois eis que o progresso se lançou sobre nós, com sua força avassaladora. E poderosas máquinas, rugindo em nome de um novo tempo, chegaram para deitar ao chão não apenas as frondosas mangueiras de nossos grandes quintais e os adobes de nosso velho casario, como também nossa própria identidade.

E, junto com essas máquinas truculentas e alucinadas, marcharam sobre nós os eficientes exércitos da modernidade, entre os quais um exército de Bretas, com seus pomposos prefixos de super e hiper, que apequenou e dizimou nosso comércio. E os formidáveis letreiros em néon que os invasores ostentaram, quais estandartes luminosos, faiscaram num rompante, obscurecendo as estrelas de nossas noites sertanejas.

E Montes Claros sofreu, abalada em suas raízes. E a brava intelectual Ivonne da Silveira, num assomo de indignação, saiu em defesa da cultura e da memória local, brandindo um belo poema de sua autoria no qual concita os nossos velhos sobrados a resistir: “Ficai de pé, velhos sobrados! Contai a nossa história...”

Mas, oh, nossos sobrados, bem como nosso antigo casario, acabaram por ruir. E, no lugar em que existiam, surgiu uma nova feição urbana, tão admirável quão insensata, que reinou a partir de então, para regozijo dos que fazem a apologia da modernidade.

Mas quando se pensou que nada mais restava de nossa história e de nossa cultura, quando se pensou que o invasor havia aniquilado a alma desta cidade e consumido sua identidade, pois quando se pensou isso... catopês, marujos e caboclinhos dançaram em festas de agosto que se reeditaram. E um casarão que existia soturno e remanescia na praça da Matriz se iluminou e se abriu para um sarau. E, de repente, mil pequizeiros preservados em nossos campos gerais se encantaram e se converteram em febris poetas que, liderados por Luis de Paula, Reivaldo Canela e Wanderlino Arruda, saíram às ruas em luta, cada qual levando consigo um exemplar do livro de Hermes de Paula e uma carabina inusitada que disparava poesias mortais contra o inimigo. E, afinal, resgatada em sua essência, Montes Claros cantou pelo coro de vozes da seresta de João Chaves.

E, em virtude desse encantamento, o jornalista Magnus Medeiros, possuído de um amor ainda maior por Montes Claros (ele que é um dos nossos mais ilustres montes-clarenses de coração), teve a certeza de que esta cidade realmente “tem coisas que as outras terras não têm.” E então, o coração a palpitar ternas lembranças, sonhou um sonho lírico de um baile esplêndido, como somente ele com sua sensibilidade saberia sonhar, em cujo salão de festa irradiasse uma fantástica alegria, uma alegria de viver e de rememorar que contagiaria todos os convidados, inclinando-os a uma grande confraternização. E nesse baile inédito estariam, entre os presentes, dezenas de montes-clarenses ausentes (até porque tal baile seria especialmente para eles) razão pela qual, entre beijos, evocações, abraços e reencontros, haveria emoção, muita emoção.

Pois o nosso Magnus idealizou O BAILE DE GALA DO MONTES-CLARENSE AUSENTE, num instante de sonho e inspiração maior, e é forçoso que todos, convidados “ausentes” e presentes estejam a postos, a fim de vivenciá-lo no grande salão de festas do Automóvel Clube, sob pena de perderem o imperdível.

Portanto, venha, montes-clarense ausente, que a festa é sua. Venha e reencontre Montes Claros. Venha e se entregue aos ritos da cidade ensolarada, que a luz e a energia da mesma hão de lhe conceder uma força vital. E, depois, munido da melhor expectativa, se faça presente ao mágico e memorável BAILE DE GALA, pois nele, com certeza, vai estar alguém especial, alguém de sua intimidade que o espera ansiosamente e que se frustrará caso não o reencontre – você.

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