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Quinta-Feira,26 de Junho

Montes Claros e a Sudene - por Marcelo Valmor

Jornal O Norte
Publicado em 01/04/2009 às 10:41.Atualizado em 15/11/2021 às 06:55.

Marcelo Valmor


Professor



Concluí o meu mestrado em Culturas Políticas pela Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG em 2002. O assunto discutido foi Populismo, e o nome do meu trabalho é o seguinte: “Cidades de Porte Médio e Populismo: Montes Claros, um estudo de Caso”.



Esse material foi fruto de uma das páginas mais interessantes sobre a história local que seria a relação entre a entrada de investimentos da Sudene - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste e sua relação com a política local. Para iniciar, observaremos as profundas transformações pelas quais passou a cidade nos anos de 1960.



O primeiro aspecto a ser considerado é a inclusão da região na área de abrangência dessa autarquia. O segundo é quanto a infraestrutura disponível para receber esses novos investimentos.



Nas suas pesquisas, Laurindo Mékie Pereira, professor da Unimontes, destaca o fato de que a cidade não dispunha de fontes de energia confiáveis para a implantação de um projeto industrial de maior porte. Só para se ter uma idéia, quem abastecia a cidade com energia elétrica era a usina de Santa Marta, localizada no município de Grão Mogol. Mas o crescimento urbano observado nesse período a tornou insuficiente, ocorrendo, regularmente, vários apagões, o que causava apreensão e insegurança.



Com a Sudene, a necessidade de novas fontes de energia se fizeram sentir. A solução encontrada no período foi interligar Montes Claros ao complexo de Três Marias, solucionando de uma vez por todas esse problema. Essa ligação foi em torno de 1963, e não é a toa que o primeiro grande investimento para a cidade, o Frigonorte, foi inaugurado em 1964.



Foi também durante esse período que ocorreu o golpe militar. Esse movimento levou, finalmente, o grupo oligarca, estruturado dentro da UDN - União Democrática Nacional ao poder. E o que se observou, a partir daí, foi a expansão do latifúndio.



Na nossa região via de regra ocorreu o mesmo. Isso serviu para aumentar a concentração fundiária (quem não sabe da expropriação ocorrida na região da atual Jaíba?), o que acabou por disponibilizar uma quantidade razoável de trabalhadores na nossa cidade.



O município de Montes Claros, que tinha basicamente uma população rural, agora caminhava a passos largos, segundo pesquisa do professor Marcos Fábio de Oliveira, para a hegemonia do setor urbano. Essa virada ocorreria entre o final dos anos sessenta para o início dos anos setenta.



O nosso maior problema nesse período era a indisponibilidade de mão de obra qualificada para lidar com os novos investimentos que requeriam tecnologia de ponta. As conseqüências disso tudo foi a proletarização de uma camada considerável de cidadãos. O problema de mão de obra qualificada seria amenizado com a inauguração da Escola Técnica de Montes Claros, isso já nos anos setenta.



Portanto, o quadro nos anos sessenta para a cidade poderia ser resumido da seguinte forma. Em primeiro lugar a confirmação da entrada da cidade na área de abrangência da Sudene; em segundo, a ligação de Montes Claros ao complexo de Três Marias; em terceiro, um forte processo migratório estimulado pela expansão do latifúndio a partir do Golpe Militar de 1964; e, por último, a disponibilização de uma grande massa urbana pronta a seguir o primeiro aventureiro que aparecesse.



Na semana que vem estaremos a comentar os anos setenta, a gestão de Antônio Lafetá Rebello, o Programa Cidades de Porte Médio e ascensão de Luiz Tadeu Leite ao cargo de prefeito municipal, naquela época (1982) ainda com apenas vinte e sete anos.

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