Paulo Roberto Sarmento *
Após ler reportagem publicada na imprensa recentemente, sobre a explosão da frota de motos, o despreparo dos pilotos, a imprudência e principalmente a cultura da pressa que mata dois motociclistas por semana em Belo horizonte, sem contar os que ficam aleijados, considerando também os transeuntes que são vítimas de atropelamentos causados por motociclistas irresponsáveis, considerei, com base naquela matéria intitulada Máquinas rápidas e mortais, que a situação em nossa cidade interiorana é ainda pior.
Veja bem: na capital, os serviços praticados por motociclistas chamados motoboys ficam restritos apenas ao transporte de mercadorias e objetos diversos, através de baús adaptados nos veículos perigosíssimos de duas rodas. Em Montes Claros, os serviços de moto vão mais além, tornando-se mais problemáticos e mais perigosos ainda, pois, como é do conhecimento de todos, as máquinas rápidas e mortais daqui transportam passageiros também. Uma espécie de serviço que acho incômodo e abusivo, praticado pelos chamados mototaxistas, que na disputa pelo próximo freguês, e na pressa de chegar ao destino, andam acima da velocidade normal, chegando ao absurdo de atingir até mais de cem quilômetros por hora em plena via pública, e até no centro da cidade, que tem ruas mais estreitas do que certos passeios em bairros de Belo Horizonte.
A situação em nossa cidade sertaneja, primeiramente cognominada de Arraial das Formigas, é crítica e alarmente. Se não for tomada urgentemente pelas autoridades competentes, responsáveis e conscientes uma ou mais providências práticas e funcionais no sentido de coibir esse abuso de diversas origens, em virtude do crescimento da frota, breve teremos que mudar o nome da nossa cidade para Arraial das motocicletas. E aí, com nossas ruas repletas de motociclistas, profissionais e particulares, certamente o pedestre vai ter que carregar nos ombros uma escada alta para que, subindo por ela, possa alcançar os telhados, muros e marquises e, para sua segurança, caminhar por cima deles. Será esse o único recurso!
Absurdo: existem aqui pessoas que estão deixando de comprar pão, arroz e feijão para matar a fome, e assim economizando, conseguir comprar uma motocicleta. Para as empresas revendedoras, esse processo representa um prato cheio. O prato cheio sobra para os hospitais e clínicas de internamento para socorro e atendimento das infortunadas vítimas portadoras das lesões físicas mais danosas e traumáticas que existem, pois o preço do tratamento, que é doloroso e complicado, não fica por menos.
Recentemente, estive visitando dois jovens acidentados na flor da mocidade. Um com 30 anos, outro com apenas 20. O primeiro foi encontrado semimorto. Da motocicleta sobraram inteiros apenas os raios das rodas. Visitei-o num hospital aqui e até chorei ao ver aquela mãe esvaindo-se em lágrimas diante do filho tão querido, que ficou tetraplégico, com braços e pernas imobilizados, naturalmente o corpo também. O segundo, a moto ficou quase inteira. Quem sofreu o traumatismo todinho pelo choque violento foi ele, que bateu com o crânio em um poste, ficando com o mesmo completamente esfacelado. Um caso impressionante e bastante comovente, porque ele ainda está vivo. Um milagre de Deus comprovado através da fé daquele pai e daquela mãe. O rapaz ficou completamente inerte. Este, sempre que possível tenho a oportunidade de visitá-lo em casa dos seus pais. Uma situação terrivelmente constrangedora e lastimável, que só mesmo Deus, através do seu imenso poder e eficácia, pode solucionar.
Devo esclarecer aqui que parte da minha preocupação deve-se ao fato de haver eu perdido meu irmão Fernando, uma pessoa muito querida e que, após o acidente com traumatismo craniano, não resistiu e veio a falecer uma semana depois, o que me causou e ainda causa profunda tristeza. Concordo plenamente que todos morreremos, é bíblico! Ninguém nasceu pra semente. Só não concordo que a pessoa deva morrer antes da hora. Exemplo: eu, se não tivesse parado de beber há quase trinta anos, seria um homem morto. No entanto, estou vivo. Gosto de motocicletas e até já possuí tanto como três. Conheço na prática o perigo. Tenho plena consciência do risco que você corre ao sair em uma motocicleta. Vai aí o meu conselho: não pilote bêbado ou alcoolizado, não beba até mesmo que seja uma gota de qualquer bebida que contenha álcool. Diminua a velocidade. Você, que precisa como profissional do ramo ganhar o pão de cada dia, procure realizar um trabalho consciente, responsável e honesto com você mesmo, resguardando através de cuida
dos a sua própria vida e a dos outros. Observe sempre essa consideração: motocicleta é um pé na terra, outro na cova...
Advertência de quem ama a vida: não ultrapasse sinal vermelho em cruzamentos. Não ande na contramão. Mantenha distância de carros e principalmente de veículos pesados. Mantenha uma velocidade normal. Todo cuidado é pouco! É imprescindível o máximo de atenção. A vida é a maior riqueza que Deus te deu. Uma vida vale mais do que todo o ouro do mundo. Valorize a sua e também a do seu passageiro.
O caminho para a vida é de quem guarda o ensino, mas o que abandona a repreensão anda errado - Provérbios 10:17
* Pintor e articulista