Eugênio Magno *
Embora tenha assistido a um vertiginoso desenvolvimento tecnológico e científico nesses meus anos de existência, eu não nasci há 10 mil anos atrás, como dizia Raul Seixas. Vim ao mundo numa noite de sábado do dia 15 de novembro do ano de 1958, portanto há 50 anos atrás. Os mais velhos da minha família dividem as opiniões: uns dizem que nasci na Santa Casa, outros que o meu nascimento foi assistido por parteira, como o dos meus irmãos mais velhos: João, Lucília, Maria e Odete (sou a rapa do tacho).
Martins. Fui criado na rua Clemente Martins, entre Melo Viana e General Carneiro, pertinho do Cine Ypiranga, no bairro Morrinhos, rua de pouco movimento, onde a molecada sempre se reunia para jogar bola, soltar arara e brincar de rouba-bandeira, mãe da rua, paredão, bolinha de gude, finca, bente altas, entre muitas outras saudosas traquinagens. Após uma incursão pelo futebol, na infância (dente de leite, infantil e infanto-juvenil) do Ferroviário, Cassimiro, Ateneu e Guarani – não necessariamente nessa ordem –, fui parar no teatro. O futebol, definitivamente, não era o meu forte. Do teatro fui para a comunicação. Uma breve passagem pelo Jornal de Montes Claros e depois Rádio Educadora AM, onde fui um dos locutores-fundadores, e trabalhei sob a direção de Eduardo Benes, depois de passar pelo crivo do grande radialista, já então radicado em Belo Horizonte, Eduardo Lima.
Na Educadora, trabalhei com Reginauro Silva, Artur Leite, Leandro Aguiar, Nivaldo Maciel, Ubirajara e Alexandre Toledo, Wladimir Lenine, Laudívio Carvalho, Tino Lopes, Gildásio Ribeiro, Alessandro Freire e Dalmer Pereira, entre outros. Foram tempos de aprendizado. Éramos jovens ousados, audaciosos, com vontade de transformar o mundo. Nosso projeto era oferecer uma outra opção de sintonia no letárgico dial radiofônico Norte Mineiro. Bom dia Brasil e boa noite Japão! Pra quem não sabe geografia, Montes Claros fica no norte de Minas Gerais. Estamos aqui mais uma vez nas asas da meia, cinco, zero, num vôo rasante pela cidade, levando a você o que há de melhor. Na técnica de som, Alexandre Toledo (ou Tino Lopes). E a apresentação é deste amigo de vocês, Eugênio Magno. Era mais ou menos assim, com um fundo musical de George Duke que todos os dias às oito da manhã eu entrava no ar, ocupando os 650 kilohertz da Rádio Educadora AM de Montes Claros, logo depois do programa Clube do Rei, que era apresentado pelo responsável pela minha vinda para Belo Horizonte, Laudívio Carvalho. Quando as serenatas na noite de véspera prolongavam-se madrugada à dentro e eu não conseguia acordar na hora certa e atrasava, Laudívio dizia: “enquanto o homem da asa delta não chega, eu toco mais uma do rei Roberto Carlos pra você”. E dá-lhe Roberto... Até que eu chegava e Laudívio saía para fazer suas reportagens policiais que desde essa época já o encantavam.
O gostoso delírio durou pouco. Perdi minha mãe e logo depois meu pai também. Tinha que me virar. Já havia aprendido o ofício e o Laudívio que, com pouco mais de um ano de Educadora já estava em Belo Horizonte, na Rádio Capital AM, arrumou um teste para eu fazer na Rádio Alvorada FM. Fiz o teste e passei. Voltei a Montes Claros, arrumei a mala e me mudei para Belo Horizonte. Estreei na Rádio Alvorada FM em 1º de setembro de 1981 e nela também fui um dos locutores-fundadores.
De lá pra cá, já são 28 anos. Aqui em BH, trabalhei em emissoras como Cultura AM, Extra FM, 97 FM, 98 FM, Geraes FM, Tv Bandeirantes e Rádio Cidade FM, onde fiquei mais tempo e fui, inclusive, além de locutor, coordenador de programação. Atuei e continuo atuando em várias frentes constituí família e estudei. Mas continuo falando na “latinha”, como locutor de vinhetas da Tv Globo Minas e como apresentador e locutor de propaganda. Desde 1997 sou articulista do jornal O Tempo e escrevo como colaborador para a publicação da arquidiocese de Belo Horizonte, Jornal de Opinião (impresso e on-line) e estou estreando também na blogosfera com o blog www.minasegerais.blogspot.com. Dirijo a Factual, empresa de serviços, projetos e consultoria em comunicação empresarial, política e cultural e sou assessor do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara, de Brasília – CEFEP-DF. Não sei como, mas ainda sobra tempo para que eu dê minhas escapulidas pelo cinema e pela poesia, duas outras grandes paixões.
Contei tudo isso para que você, leitor, não veja meu nome e meu rosto que, a partir de hoje, com a graça de Deus, vai estar aqui nesta página, todas as sextas-feiras, como o de um estranho. Sou montes-clarense de nascimento e de coração, resido em Belo Horizonte, mas estou sempre por aí, aqui e acolá.
Provavelmente você já deparou comigo pela rua, com minha foto ou com algum texto meu nas páginas de O Norte, ou de outras publicações locais, de forma esparsa. Entretanto, agora, eles estarão presentes aqui com regularidade e periodicidade definidas. Pretendo que essa coluna que hoje aqui estréio, minasegerais, assim como o blog, que são homônimos, seja um espaço de reflexão e opinião, sintonizados com os temas que fazem a agenda da nova ordem mundial. Conto com você nessa caminhada. Aceite meu abraço fraterno e até a próxima sexta-feira..
Paz e bem!
* Comunicólogo, Mestre em Artes, Especialista em Educação e em Política