Eustáquio Vicente dos Santos Macedo
Querido irmão Jomar! Como posso ficar depois que você se foi? Quis o destino que eu tivesse o privilégio de ser a última pessoa a falar com você. Primeiro, quando chegou da festa e eu, acordado, fui à cozinha prosear com você, antes de você dormir, pois já queria contar detalhes da festa. E, depois, por mais de duas horas, antes de você começar a empreender a viagem ao Paraíso! Quando preparava o café da manhã, você surge na cozinha e, então, tomamos o café juntos e você, sempre alegre, contando-me mais detalhes da festa do Encontro dos ex-atletas, a que você e João Batista haviam ido à noite.
Você, após o café, foi comprar o seu indefectível jornal, ávido de leitura que você era, e trouxe-me uma revista para que eu a lesse, pois havia assuntos interessantes nela. Você, então, foi ler o seu jornal, até chegar a hora de ir ao Mercado, para conceder uma entrevista a um jornalista esportivo.
Era tudo o que você mais prezava. A terra amada de Montes Claros, a família inteira, os amigos incontáveis e os maravilhosos companheiros de futebol, veteranos como você na arte da bola no pé. Deus traçou para você os mais belos momentos, não só da sua, como das nossas vidas, pois era você o maior orgulho esportivo da família Macedo.
Na minha juventude, o meu maior orgulho era dizer que era seu irmão. Meus colegas e amigos me invejavam por isso. As alegrias que você trouxe para Papai, Mamãe e nós todos, seus irmãos, sobrinhos, seus filhos, jamais se acabarão, pois foram proporcionadas pela sua arte inesquecível, que encantava multidões em Montes Claros, no Rio de Janeiro, em Sete Lagoas e em Belo Horizonte.
Não deu para você ir ao Mercado conceder a entrevista. Heberth Halley, que iria ao seu encontro no Mercado, escreveu uma crônica linda sobre o que aconteceu na festa do encontro dos ex-atletas de Montes Claros, sobretudo da sua alegria e descontração e sobre você rezando com os atletas um Pai Nosso e uma Ave Maria, como é tradição familiar.
O filho do veterano Nilson Espoletão (jornalista Nairlan Clayton Barbosa) também escreveu uma linda crônica de despedida de você, que ele havia conhecido naquela maravilhosa noite do Sexto Encontro dos ex-atletas.
Nos jornais da terra você foi condecorado com palavras emotivas e sinceras. Você foi chamado de mito, estrela. No seu velório, a emoção dos veteranos presentes foi para a nossa família a maior demonstração de que você sempre foi querido e idolatrado no seu mundo da bola, pois todos eles sempre tiveram amizade sincera por você, por sua alegria, por sua simplicidade, o que você também sempre teve por todos eles.
As fotos do encontro dos ex-atletas foram publicadas no jornal O NORTE DE MINAS de sábado passado (13/12) e circularam no seu velório. Você está lá, jovem, forte, bonito e bacana, como você sempre foi, em quatro fotos, com seus companheiros. Esta carta, Jomar, é para você ler aí no Céu para Papai, Mamãe, Vivaldo e Padre Joaquim, se é que você já não contou tudo para eles.
Aqui reina a tristeza, o choro e a saudade. Seus companheiros do Sexto Encontro estão mandando aquele abraço para você e já até circula uma estória sobre um 1º Encontro de Ex-atletas no Paraíso, a ser coordenado por você. Não se esqueça de levar Papai e Mamãe, que foram os maiores atletas, pois lutaram todas as lutas para criar onze filhos, e você foi, para nós seus irmãos, a maior alegria, a maior glória esportiva de Montes Claros, o que sempre nos honrará, até o fim dos tempos.
Esta carta é para você saber que escreverei mais vezes para você. Hoje só falei de você, meu irmão! Como compadre, só posso lhe dizer que a comadre Maria Ester (Tita), a afilhada Maria Betânia, Jomarzinho e Gabriela, mais as netas Alice e Helena estão sendo consoladas o tempo todo pela família de Tita, que veio toda se despedir de você.
Ah! Não sei se um dia eu lhe disse, mas você sempre foi para mim um HERÓI. Obrigado por você ter sido meu irmão! Obrigado por eu ter sido seu irmão! Guilhermina, Danilo, Alexander, Tancredo, Rosarinha, Terezinha e João Batista pediram-me para colocar o nome deles nesta carta, com votos de Feliz Natal aí no Céu para todos os daí, e que brevemente lhe escreverão também. Um beijo afetuoso de seu irmão.