Montes Claros se enfeitou para receber a “Casa de Simeão Ribeiro Pires”, nome fantasia do Instituto Histórico de Geográfico de Montes Claros. Por que Simeão e não Darcy Ribeiro ou Cyro dos Anjos? Por que Simeão e não João Vale Maurício ou Cândido Canela? Por que Simeão e não Hermes de Paula ou Urbino Viana? Porque Simeão foi o mais autêntico historiador-geográfico de Montes Claros. Era um contumaz pesquisador. Coletava peças de nossa história e as colecionava com o objetivo de preservar o passado de nossa gente e de nossos costumes.
Foi o acadêmico Simeão Ribeiro o único historiador de Montes Claros que esteve visitando a Torre do Tombe, em Lisboa, para trazer preciosas informações sobre as nossas origens. Exemplo incontestável figura na localização da Fazenda Brejo Grande, a primeira de propriedade de Antônio Gonçalves Figueira, onde existiu o primeiro engenho de cana que produzia o mascavo e a cachaça.
Premiado no primeiro concurso anual “Diogo de Vasconcelos”, sobre a história de Minas, em 1977, o doutor Simeão Ribeiro lança com grande sucesso o seu livro “Raízes de Minas”. Sobre “Raízes de Minas” diz a Comissão em seu Relatório : “o que, desde logo, ressalta é a novidade do assunto, nunca antes assim extensamente tratado: o latifúndio de Guedes de Brito, Nunes Viana, a Guerra dos Emboabas e a penetração baiana. Depois, cumpre louvar a intensa consulta às fontes primárias, compulsadas até em arquivos portugueses e ultramarinos, além do proveito que soube tirar”.
BIOGRAFIA
O doutor Simeão Ribeiro Pires era filho do coronel Luiz Antônio Pires e de dona Maria Ribeiro Pires, nasceu em Coração de Jesus aos 24 de março de 1919. Fez o curso primário em Montes Claros , onde iniciou o secundário, continuando-o em Belo Horizonte e o terminou no GRAMBERY, de Juiz de Fora. Diplomou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Minas Gerais, em 1943. Foi presidente do Diretório dos Estudantes de Engenharia, Aspirante Oficial do Exercito pelo CPOR, premiado na Convenção Nacional de Engenheiros com a monografia “Ensino da Engenharia”. Ocupou o cargo de Oficial Técnico da Rede Mineira de Viação. Empreiteiro de obras ferroviárias em trechos das ligações: Monte Azul-Brumado. Nova Era-Dom Silvério e Belo Horizonte-Itabira. Ingressou na política de sua terra natal e foi eleito Prefeito Municipal de Montes Claros, em outubro de 1958 quando governo a nossa cidade nos anos de 1959/63. Vereador à Câmara Municipal de Montes Claros de 1963/72. Diretor da Frigonorte no seu período de construção, diretor do Colégio Tiradentes da Polícia Militar de Minas Gerais no ano de 1964. Recebeu, dentre outras, as comendas: Medalha de Ouro – Mérito Industrial – da Federação das Indústrias de Minas Gerais no ano de 1967 e a Medalha da Inconfidência do Governo do Estado de Minas Gerais. Professor da Escola Estadual “Prof. Plínio Ribeiro” de Montes Claros e professor de Estudos de Problemas Brasileiros da Faculdade de Direito de Montes Claros. Homem de elevado espírito público, grande tribuno e um pesquisador incansável.
BIBLIOGRAFIA
O acadêmico, doutor Simeão Ribeiro Pires, publicou os seguintes livros: Gorutuba: o padre e a bala de ouro; Raízes de Minas e Serra Geral: diamantes, garimpeiros e escravos.
Sobre o seu livro Gorutuba: o padre e a bala de ouro, à guisa do prefácio disse Alberto Deodato: “ por onde andamos acabamos convencidos de que o Brasil é um Gorutuba, muito grande”. Raízes de Minas, que mereceu vários comentários, o eminente historiador baiano doutor Pedro Calmon manifestou da seguinte maneira: “Raízes de Minas, que hoje li, de um trago, tão importantes são as suas novidades, louvavelmente pesquisadas e cheias de interesse para os que estudam as origens, na história e na geografia, de sua grande província, um pouca também minha”. Na mesma linha de raciocínio, numa extensa carta-prefácio endereçada ao autor de Raízes de Minas, o mestre João Camilo de Oliveira Torres concluiu as suas palavras dizendo que é “um trabalho no qual se aprende em todas as páginas”. Mais recentemente, o nosso confrade Wanderlino Arruda, numa belíssima colocação sobre a obra de Simeão Ribeiro expende da seguinte maneira: “A cada letra lida ou vivida, a cada palmo de terra que Simeão trilhou, tudo foi pesquisa com o destino só: mostrar que por aqui está o verdadeiro coração da história brasileira, Minas como centro da coragem e da elaboração da raça. A cada trama, cada delinear de caracteres, cada justiça feita ou a cada injustiça sofrida, eis o caldeirão que cozinhou o tempero do Brasil”.
HOMENAGEM PÓSTUMA
O nosso confrade doutor Simeão Ribeiro Pires era membro efetivo da Academia Montes-clarense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Agora ele será o patrono do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, uma homenagem das mais justas em vista do que ele representa para a história de Montes Claros e do estado de Minas Gerais. O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros passará a ser denominada “Casa de Simeão Ribeiro Pires”.