Memória Montes Claros - De utilidade pública - por Dário Teixeira Cotrim

Jornal O Norte
Publicado em 18/06/2007 às 17:24.Atualizado em 15/11/2021 às 08:07.

Dário Teixeira Cotrim *



Apenas dois livros que versam sobre a história primitiva de Montes Claros são considerados como sendo de Utilidade Pública pela egrégia Câmara Municipal de Vereadores. O primeiro deles trata-se da influente obra do ilustre historiador, doutor Urbino de Souza Viana, intitulada “Monografia Histórica, Geográfica e Descritiva do Município de Montes Claros” e que foi publicada na cidade de Belo Horizonte no ano de 1916. A segunda publicação é a minha e que traz por título a “História Primitiva de Montes Claros”. O meu livro foi impresso pela Editora Unimontes, no ano de 2002, com o elevado reconhecimento de aplauso do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.



A obra do doutor Urbino Vianna foi dedicada ao monsenhor Dom João Antônio Pimenta, preclaro e virtuoso Bispo de Montes Claros. Também ao senhor Camilo Filinto Prates, mui digno deputado federal, homem com espírito culto e elevado, chefe prestigioso e querido no Norte de Minas, conforme anotações do próprio autor. Entre outras citações reproduzimos aqui um triste desabafo do doutor Urbino Vianna, até porque ele tem as mesmas características das dificuldades que encontrei quando escrevia o livro História Primitiva de Montes Claros. Trata-se da falta de documentos antigos para as pesquisas. Então vejamos o que diz Urbino Vianna: “ausência de documentos nos arquivos que rebuscamos não nos permitiu elucidar pontos controversos; carência de livros, que tratem do sertão, deixou-nos sozinhos no entricado dedalo da dúvida: penetramos sem guia no interior da terra brasileira, nos servindo de passadas leituras e dispondo de exíguo material: por tudo isso vossas indulgências e nossas escusas. Numa segunda tiragem expurgaremos este opúsculo do que nele houver que possa ser dispensado, ouvindo as críticas judiciosas dos mestres, suscitadas a bem do melhoramento da forma e discriminação da matéria superabundante, correção e citações e adição de fatos que foram omitidos”.



Nem por isso essas obras sejam as mais completas no gênero história-antiga de Montes Claros. Há outros livros tão importantes quanto os nossos e que também discorrem dos assuntos inerentes à história-antiga de nossa terra. Foi por essa razão que a Secretaria Municipal de Cultura e a Nestlé, aproveitando o momento em que a cidade de Montes Claros comemora os seus 150 anos, autorizaram a reedição dos nossos livros juntamente com outros de autores montes-clarenses, com o intuito de preservar e divulgar a memória da cidade. É sabidamente compreensível o repúdio de algumas pessoas sobre a inclusão do meu livro neste audacioso projeto da Nestlé.  Mas, assim como eu, o nosso Urbino Vianna não era montes-clarense, pois nascera também no meu querido estado da Bahia.



E deve ser por isso que existe uma preocupação nossa em registrar as nossas obras nos anais da Câmara Municipal de Montes Claros. Há, entretanto, um diferencial entre as obras de Utilidade Pública com as demais publicações não catalogadas em bibliotecas e/ou leis do gênero e, este diferencial está exatamente na preservação da história. Haja vista que, por falta desses registros é que a história-antiga de nossa cidade se perde no tempo e no espaço.



O livro do ilustre historiador, doutor Urbino de Souza Viana ficou imortalizado no amparo da Lei de número 268, de três de outubro de 1915. Por outro lado, o meu livro História Primitiva de Montes Claros teve o seu registro na Lei Municipal de número 3.632, de 18 de agosto de 2006 e, também, no ISBN sob o número 85-87786-56-3.



O Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros deverá fazer um levantamento sobre as obras históricas de Montes Claros e região. É dever do Instituto Histórico o de providenciar a remessa desses livros para apreciação dos senhores vereadores e solicitar-lhes aprovação de lei que os considere como sendo de Utilidade Pública para a cidade de Montes Claros. Na catalogação especial dos livros sobre a história de Montes Claros e região podemos citar: Explorações do Tempo, de Cyro dos Anjos; História do Desenvolvimento de Montes Claros, de Henrique de Oliva Brasil; São Francisco nos Caminhos da História, de Brasiliano Braz; O Sertão Norte Mineiro, de Antônio Ferreira Cabral; A Cana de Açúcar em Minas Gerais , de Miguel Costa Filho; Grão Mogol, de Manuel Esteves; Montes Claros eram assim... de Ruth Tupinambá Graça;  Janelas do Sobrado, de João Valle Maurício, Corografia dos Municípios de Tremedal e Rio Pardo de Minas, de Antonino da Silva Neves; Montes Claros, sua história, sua gente e  seus costumes, de Hermes de Paula; Raízes de Minas e Serra Geral de Simeão Ribeiro Pires, Montes Claros de ontem e de hoje, de Yvonne Silveira e Zezé Colares, Monografia Histórico-Geográfica de Montes Claros, de Tobias Leal Tupinambá; Efemérides Montes-clarenses e Serões Montes-clarenses, de Nelson Viana. Há uma centena de outros livros que registram a história antiga de Montes Claros.

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