Memória de Montes Claros: Do chafariz à Copasa - por Dário Teixeira Cotrim

Jornal O Norte
01/06/2007 às 18:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:06

Dário Teixeira Cotrim *

Antes mesmo da implantação dos Chafarizes em diversos pontos da cidade, a população de Montes Claros buscava água para o uso doméstico nas fontes dos rios e das lagoas vizinhas. Havia as mulheres com as latas d’água na cabeça, os carros de boi que cantavam pelas ruas empoeiradas da cidade oferecendo à população latas d’água a preços bem em conta. Depois disso, é que apareceu o sistema de Chafariz, que veio beneficiar a população urbana. Mas, os potes, as bilhas e as moringas nunca deixaram de existir.

Era comum, durante os dias chuvosos, a população aparar a água das bicas de suas casas e armazená-la em caixas d’água cimentadas e em tanques o que resolvia, em parte, a demanda da água na cidade. Usava, também, abrir poços e cisternas, porém não muito recomendável tendo em vista as fossas nos quintais que contaminavam os lençóis d’água subterrâneos. Curiosamente, o DNER de Montes Claros, há anos, vem oferecendo à população o precioso líquido extraído de um poço artesiano.

No dia 23 de outubro do ano de 1935 é inaugurado o primeiro Chafariz de Montes Claros. A água que era buscada nas fontes dos rios e lagoas passava a ser distribuída por este chafariz, que ficava nas proximidades dos Morrinhos. Neste dia o prefeito de Montes Claros, o engenheiro Dr. José Antônio Saraiva, anunciava o melhoramento prometendo à população a construção de outros chafarizes. Assim, no dia primeiro de fevereiro de 1936 é inaugurado mais um chafariz. Desta vez a obra foi construída numa praça (praça Coronel Costa – hoje desaparecida) que dava para os fundos do velho Mercado Municipal. Por último, o prefeito autorizou a construção de mais um chafariz, o que aconteceu no dia 14 de fevereiro do mesmo ano e que teve na sua inauguração, a presença do escritor Ciro dos Anjos a pedido do próprio prefeito municipal. Ficava este novo chafariz na praça da Matriz (praça Dr, Chaves) e durante a sua inauguração a Banda de Música Euterpe Montes-clarense fez uma belíssima apresentação.

Tempos depois, já no dia 15 de março de 1954 o prefeito de Montes Claros, o capitão Enéas Mineiro de Souza inaugurava o chafariz da praça Dr. Carlos, onde ficava o ponto de estacionamento de automóveis. Entretanto a criação de chafarizes não estava resolvendo o problema de abastecimento de água para a população. As mulheres com as latas d’água na cabeça continuavam com as suas peregrinações às fontes dos rios e das lagoas. Entretanto, a poluição já vetava o uso de água das lagoas existentes na cidade (uma delas onde é hoje e Praça de Esportes e a outra na Praça Flammarion Wanderley, no Bairro São José).

Em vista disso, no ano de 1956 criou-se o Departamento de Águas e Energia Elétrica de Montes Claros, onde se implantou pela primeira vez aqui em Montes Claros o sistema de “Leitura do Medidor” que se chamava de CALEFAÇÃO. A Calefação trazia, além do consumo mensal de água e energia, o imposto de consumo de 2% conforme Decreto Federal número 20465 e era isento de selo por ser próprio do Estado de Minas Gerais. Mas, este serviço beneficiou apenas uma pequena parte da população, ficando a classe mais carente impedida desses benefícios. Surge a CAENE – Companhia de Águas e Esgotos do Nordeste.

Então, pela Lei Municipal de número 567, de 28 de julho de 1962, o prefeito municipal de Montes Claros, Dr Simeão Ribeiro Pires, criou uma empresa de economia mista para a exploração do serviço de tratamento de água e esgotos da cidade, que deveria substituir a antiga CAENE (Companhia de Águas e Esgotos do Nordeste). A empresa ora criada pela Prefeitura Municipal passou a chamar-se CAEMC (Companhia de águas e Esgotos de Montes Claros). A CAEMC iniciava os serviços de tratamento de água com a participação da Prefeitura Municipal, de toda a população da cidade e também da SUDENE. A figura das mulheres com as latas d’água na cabeça desapareceu do cenário montes-clarense, apenas em certas ocasiões os carros-pipas eram acionados quando havia a necessidade dos seus serviços.

A CAEMC foi encampada pela COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) que assumiu os serviços de distribuição de água para a população, através da canalização de capacitação feita nos rios Pacuí, Porcos, Pai João e Rebentão dos Ferros. Segundo o historiador Henrique de Oliva Brasil, a COPASA recebeu ‘de mão beijada’ todo o acervo da CAEMC e tão logo o acordo aconteceu fez com que tudo ficasse nos moldes exigidos pela empresa. Foi através de um convênio entre a Prefeitura Municipal de Montes Claros e a COPASA, assinado no dia 26 de julho de 1981, que os serviços de água e esgotos da cidade passaram a ser administrado pela COPASA.

* Dário Teixeira Cotrim – historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Moc e de Minas Gerais

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