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Domingo,8 de Junho

Memória 150 anos - Montes Claros no ano de 1950 - por Dário Teixeira Cotrim

Jornal O Norte
Publicado em 26/06/2007 às 16:46.Atualizado em 15/11/2021 às 08:07.

Dário Teixeira Cotrim *



Baseado no livro O Homem no Vale do São Francisco, de Donald Pierson, extraímos algumas informações interessantes sobre a cidade de Montes Claros. Esses registros foram catalogados pelo Instituto de Antropologia Social, durante pesquisa da Smithmian Institution de Washington, no Colégio de Sociologia de São Paulo entre os anos de 1945/1951. Nesta primeira parte de “Montes Claros no ano de 1950” abordaremos, sucintamente, a sua população e a criação do gado bovino e suíno. 



POPULAÇÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO NO ANO DE 1950



No foi somente o ilustre escritor Euclides da Cunha quem disse que o sertanejo é antes de tudo um povo forte, bravo e lutador. Geraldo Rocha também escreveu dizendo que este mesmo povo é tenaz, sóbrio, resistente, que é acostumado a lutar contra a natureza, enfrentar a seca e as inundações e a vencer caatingas ressequidas para salvar os seus animais. “Uma raça forte....”, pois era ele a perfeita encarnação do tipo bandeirante (Fernão Dias Paes) que desbravou o nosso sertão em busca das pedras verdes, não obstante as adversidades do tempo.



A colonização do Vale do São Francisco foi feita através dos currais de gado e também numa conseqüência das descobertas das minas de ouro e das pedras preciosas (Grão Mogol, Diamantina e Minas Novas), que trouxeram para essa região uma multidão de pessoas que em pouco tempo povoava todo o Norte de Minas.



Segundo o censo federal realizado no ano de 1950, Montes Claros figurava entre as onze cidades mais populosas do Estado. Registrava-se, naquela oportunidade, uma população de 24.108 almas em todo o município. Entretanto, a população de sua zona rural era maior do a da zona urbana. No Estado de Minas Gerais, além da cidade de Montes Claros, as cidades de Curvelo, Sete Lagoas, Itaúna e Pará de Minas tinha a sua população rural duas vezes maior do que a população urbana. De 1950 pra cá o êxodo rural praticamente deixou o campo às traças. Enquanto isso as cidades ficaram superpopulosas contribuindo, demasiadamente, com o aumento da violência em todos os seus segmentos.


 


O GADO BOVINO NO VALE DO SÃO FRANCISCO NO ANO DE 1950



“Montes Claros de Formigas é um dos pontos principais da parte oriental do sertão e faz-se aí um comércio importante de gado”. (August François César Provençal de Saint-Hilaire).



A história do gado bovino no Brasil teve inicio na vila de São Vicente, a primeira a ser fundada no território brasileiro, pouco depois de 1530 que foi trazido por Martin Afonso de Sousa. Na Bahia, o gado foi introduzido no governo de Tomé de Sousa quando da criação da cidade de São Salvador no de 1549. Tempos depois o gado bovino avançava para as terras de Antônio Guedes de Brito, em vista dos arrendamentos dos currais de gado nos distritos de Jacobina, Urubu de Cima e Rio Pardo. Saltando daí para o ano de 1950, segundo o censo federal, nos 156 municípios situados no vale do São Francisco havia 3.635.506 cabeças de gado bovino. No médio São Francisco mineiro a cidade de Montes Claros liderava com 158.371 cabeças de gado bovino, seguido da cidade de Coração de Jesus (107.078), Francisco Sá (95.934), Curvelo (84.795), São Francisco (84.235), João Pinheiro (76.447), São Romão (72.628), Corinto (69.699), Abaeté (66.969) e Pirapora (62.270). Mesmo em Minas, contudo, o número de cabeças varia muito de acordo com o município. De fato, a variação chega de 158.372 no município de Montes Claros, conforme tabela precedente, para apenas 354 cabeças de gado no município de Rio Acima.


 


A CRIAÇÃO DE PORCOS NO VALE DO SÃO FRANCISCO NO ANO DE 1950



Já na década de 40 criavam-se porcos em todo o Vale do São Francisco. Era comum na zona rural a criação de porcos para o próprio consumo da família. Os principais centros de produção de porcos situam-se na parte Alta e a Média Alta do Vale. Na parte Média Alta os porcos eram exportados via Montes Claros, dos municípios de Espinosa, Monte Azul, Porteirinha, Francisco Sá, Bocaiúva, Coração de Jesus, Brasília de Minas, São João da Ponte e Janaúba. O número de porcos existentes nesses municípios por ocasião da pesquisa de Smithsonian Instituion de Washington era de 214.278 cabeças. Somente para Montes Claros exportava-se a cada ano cerca de 30.000 cabeças. O milho para alimentá-los era cultivado numa ares de aproximadamente 20.000 hectares , com uma produção total de quase meio milhão de sacas por ano.



* Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e de Montes Claros

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