Fátima Bessa
Ante a situação crítica do momento, iniciaremos a exposição deste curso perguntando
por que razão a cultura vigente – ocidental ou oriental – apresenta, em todas as partes, sintomas inconfundíveis que prenunciam sua inevitável decadência. A resposta é clara, simples e unívoca: porque falha pela base.
E a que se deve o fato de ela falhar pela base? Às seguintes causas:
a) Não foi nem é capaz de ensinar o homem a conhecer a si mesmo;
b) Não o ensinou a conhecer o mundo mental que o rodeia, interpenetra e influi poderosamente em sua vida;
c) Não o ensinou a compreender, amar e respeitar o autor da criação, nem a descobrir sua vontade através de suas leis e das múltiplas manifestações de seu espírito universal.
O fato de não se ter ensinado o homem a conhecer sua vida interna, plena de recursos e energias para quem sabe aproveitar tão imponderável riqueza tem sido a causa que o faz ceder, sem maior resistência, à tentação de fundir-se na multidão anônima, consumando-se assim a perda de sua individualidade.
Desde os alvores da atual civilização, foram se somando, dia após dia, os que nenhum esforço fazem para superar sua inércia mental e volitiva.
Das faculdades de sua inteligência, só funcionam com preponderância a imaginação e a memória.
A cultura vigente falha pela base. Por quê?
As demais trabalharam e trabalham só por necessidade ou por alguma premência, observando-se sempre uma acentuada insuficiência, devido à sua habitual inércia. Estamos nos referindo à maioria dos seres, ao homem que não organizou seu sistema mental de modo que todas as faculdades de seu mecanismo inteligente funcionem, alternada e ativamente, no ofício construtivo que devem desempenhar.
A ciência logosófica foi criada para remediar esse lamentável descuido, esse vazio incomensurável que já transtornou não poucos juízos, levando a humanidade à desorientação e ao mais agudo pessimismo.
A Logosofia é uma nova mensagem à humanidade, com palavras plenas de alento, de verdade e de clara orientação. Encerra uma nova forma de vida, forma que move o homem a pensar e a sentir de outra maneira, graças ao descobrimento logosófico de agentes causais que, ignorados antes por ele, se manifestam agora à vista de seu entendimento, de sua reflexão e de seu juízo, da mesma forma que à sua sensibilidade. Com efeito, embora singelamente enunciado e sem ostentação alguma, como é próprio de todas as grandes verdades, somos plenamente conscientes da incalculável transcendência que o conhecimento desses fatores – até agora incógnitos geradores de todas as formas humanas de vida – haverá de assumir para o esclarecimento do mistério do homem, no dia em que ele despertar para essa realidade e comprovar a verdade de sua existência, através de cada uma de suas manifestações psicobiológicas.
Só então o homem poderá fazer uso consciente de seu livre-arbítrio, resgatar sua vida – aprisionada por seus próprios erros e pelos erros dos demais – e reconstruí-la, graças às leis que regem os processos inteligentes da criação, com um critério novo, espiritual e humano, testamenteiro imaterial de sua felicidade.
(do livro Curso de Iniciação Logosófica - G. Pecotche)
Informações: Fundação Logosófica