Lembranças de uma laboriana

Jornal O Norte
Publicado em 28/02/2008 às 11:43.Atualizado em 15/11/2021 às 07:26.

Carmen Lucia Antunes



“Ao retornar ao passado pelas trilhas da lembrança . . . Eu vou encontrando a esmo os pedaços de mim mesmo deixados ao longo da vida”  (Luiz Paula Ferreira)






Foto de novembro de 1971
. As laborianas são: Magna Vasconcelos, Maninha Cardoso, Neuza Gonçalves, Marinilza Mourão, Júlia Lafetá, Renata Brito, Miriam Milo, Geralda Magela, Almerinda Tolentino, Carmen Lúcia Antunes, Fátima Mendes, Liege, Rosália Gomes e outras



Ao entrar para o Labor Clube Internacional em 1970, não tinha noção e, acredito que as outras companheiras laborianas também, de que estávamos escrevendo com nossas ações dentro do lema “Viver, Amar e Servir”, páginas gloriosas da história de Montes Claros. Não tínhamos esta pretensão, nosso prazer era constituído em cultivar a amizade e o companheirismo, nas reuniões semanais sempre sábado à noite, em uma sala da Prefeitura (hoje Hiper Bretas), cedido pelo prefeito Toninho Rebello. Onde um grupo de moças idealistas e já preocupadas com as diferenças sociais de uma cidade que crescia desordenadamente, com a falta de um programa social que atendesse os retirantes  vindos de todo o sertão mineiro à procura de melhor sorte. E assim aquele grupo alegre, jovem, destemido realizava um trabalho voluntário e de desafios junto à população carente de nossa cidade.



Organizávamos festas no Automóvel Clube (Festa do algodão) onde elegia Miss Bangu desfile de modas no Theos House, eleição de Miss Imprensa,(com apoio de Lazinho Pimenta), Garota Labor Clube e tantas outras mais, cuja renda era destinada a amenizar as grandes diferenças sociais, ou realizar ações que proporcionavam condições de vida melhor àqueles menos favorecidos pela sorte, num contato direto com a comunidade. Fazíamos de tudo, pois a cidade não contava com uma estrutura de cerimonial, pois tínhamos credibilidade e seriedade nas ações realizadas.



Encontrávamos anualmente na “Semana de Estudos Plenários do Labor Clube Internacional” representantes de todos os Clubes do Brasil, num encontro de trabalho, estudo e muito companheirismo. Pois alem das seções plenárias de trabalho, acontecia na cidade que nos recebia, encontro cultural e artístico. Desfile de carros alegóricos pelas ruas da cidade com trajes típicos, apresentação de danças e músicas regionais. Como divertíamos com o ensaios com a ajuda do Grupo Banzé . . .  Grande aprendizado que o Labor me proporcionou, passei por todos os cargos dentro do Clube, chegando à presidência. E nos idos de 1971/72 fui eleita Presidente do Órgão Central de Labor Clube Internacional na plenária da cidade de Sete Lagoas. Hoje como rotariana me dou conta que este cargo corresponde  ao do  Governador Distrital de Rotary Internacional.



Recebemos da Câmara Municipal Seção Solene, e tenho até hoje  nos meus arquivos particulares  Diploma de Honra ao Mérito entregue pelo  CDL (Clube Diretores Lojistas de Montes Claros) assinado pelo então presidente José das Neves Correia nos cumprimentando pelo cargo e as companheiras laborianas “que traduzem o protótipo da simpatia e da capacidade do poder jovem em prol da divulgação de nossa terra”.



Com certeza, não tínhamos conhecimento da extensão do nosso trabalho e da grandiosidade da missão que desempenhávamos com a alegria do servir. Éramos jovens moças que queriam relacionar com outras jovens, partilhar momentos de amizade, felizes em seguir no caminho da solidariedade humana: da ação generosa e desinteressada diante das aflições alheias.



E assim sem dar conta da importância do Labor Clube Internacional, nos reuníamos no Bairro Maracanã, para fazermos levantamento do número de famílias, escolhendo nomes de times de futebol  para as  ruas e numerando as casas. Ensinando aos moradores o valor da união para conseguirem benefícios junto à municipalidade, onde bem mais tarde tais reuniões se transformaram em “Associações de Moradores de Bairros”.



Já freqüentava os bancos da FADIR (Faculdade de Direito de Montes Claros) trabalhava na Fábrica de Cimento, mas nas manhãs de domingos íamos felizes, às vezes de carona com os rapazes do Orbis Club, carregando a luz da esperança nos olhos e toneladas de bondade no coração pelos bairros pobres e sem estrutura, num sacerdócio de amor procurando doar  o nosso tempo, para às vezes somente escutar e acolher o próximo.



Agradeço ao Labor Club  muito do que sou !   



Parabéns, Geralda  Magela Sena, companheira da hora que através de sua disposição e amor ao nosso passado, registrou em sua monografia LABOR CLUBE INTERNACIONAL COMEMORANDO OS 150 ANOS DE MONTES CLAROS a nossa trajetória, os nossos passos que ficaram marcados nas poeiras dos bairros mas principalmente no sorriso e no coração daqueles que caminharam com essas jovens laborianas.



Parabéns Labor Clube!  Parabéns Montes Claros!

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