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Sexta-Feira,4 de Julho

Leitura sem censura - Enfermagem de luto - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
Publicado em 08/07/2008 às 10:39.Atualizado em 15/11/2021 às 07:37.

Adilson Cardoso


adilson.airon@mail.com



O frio  de julho cai sobre as cuminheiras, as fogueiras de junho são reacesas sobre os borralhos. O parque de Exposições se aquece com os foliões da Expomontes, sorrisos e cantorias na rabeira de São Pedro ainda comemorado. Entre os seres que se vestem de branco a tristeza sela seu papel. Gilson José Ferreira, não faz mais parte desta equipe, a desimbestada morte o escolheu para sua brincadeira de  mau gosto e deixou a  enfermagem desfalcada. Em memória, fica sua figura extrovertida exalando simpatia pelos corredores da clínica médica  do Hospital Universitário. Para os pacientes cuidados por Gilson fica a lembrança de um anjo que passou por esta terra para cumprir seu papel, de uma maneira tão especial que Deus resolveu chamá-lo para o seu lado, palavras do seu Lió, que o conhecia há mais de dez anos na peleja do acalanto e na disposição para aliviar a dor. Ano passado, ele foi o noivo no tradicional Arraiá do Hospitá (HU), fantasiado e dançante, arrancou risos de todos, pois seu jeito natural de ser era feliz onde estivesse, exalando pelos poros um bem que poucos demonstram. E foi no sábado o dia em que Gilson mais prezava, para embalar-se na liberdade da vida pelas festinhas e pelos bares no amontoado de amigos, que o destino escolheu para fazê-lo partir para além do infinito, que meramente produzimos no nosso inconsciente.



Assim o domingo amanheceu pálido e silencioso com receio de contar aos outros astros que na sua manhã  de  Feirinhas  nas Praças, seria o sepultamento de Gilson. O técnico de Enfermagem que cuidou de todos durante sua meteórica vida, sentiu todas as dores chorou pela sensibilidade que lhe era rasa no sutil olhar, até que veio a sua própria dor. Cefaléia bruta sem consideração, não perguntou quem  ele era nem o que havia feito pelo mundo e foi só! Os seres vestidos de branco vão e voltam em silêncio nesta segunda de luto, vão seguindo cumprindo suas missões, com lágrimas lavando os olhos e um nó preso na garganta de um peito abafado e dolorido. Shakespeare dizia que os covardes morrem varias vezes  antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez. E Vinicius nos fala “Se alguma coisa me consome e me envelhece, é que a roda furiosa da vida não me permite ter para sempre ao meu lado andando comigo, sorrindo comigo, compartilhando comigo bons e maus momentos, todos os meus amigos. Por isto amigo Gilson continue sua alegria em qualquer que seja o plano que estiver,diga a Astir, Doutor Ildo Horta e Doutor Herberth Caldeira que aqui na terra estamos perseguindo a vida, parafraseando Chico  “um dia chove outras vezes bate sol”. Muito obrigado por sua valiosa contribuição em nosso meio. Valeu!!

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