Leitura sem censura: Bonito de Minas além da beleza - por Adilson Cardoso

Jornal O Norte
24/01/2008 às 10:34.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:23

Adilson Cardoso

Somos todos assassinos! Não há nesta terra quem afirme ser inocente deste crime, matamos seres como nós que acreditam ser racionais e, os irracionais que julgamos menos importante na cadeia global. O Médico que faz seu juramento para salvar vidas em todas as circunstancias, às vezes se esquece e contribui para que o paciente passe pelo “tunel” um pouco antes da hora, as eutanásias são freqüentes em alguns lugares, Já ouvimos casos de médico ser alcunhado de Doutor Morte, pela sua proximidade com esta prática. As autoridades policiais são constantemente lembradas, pela forma com que conduzem as operações em algumas situações, por vezes as balas que eram para conter o infrator em alguma parte menos mortal são desviadas pelas trajetórias e fatalmente acertam cabeças, peitos e outras mais, mas ninguém é culpado, são coisas que acontecem e que segundo alguns em suas apologias, “toda profissão tem seu risco”.Os políticos têm seus crimes qualificados, são deles as culpas pelas mortes nas estradas, também os acidentes aéreos, por doenças que já deviam estar erradicadas, respondem também por mortos de fome.

Vivemos uma roleta russa, a cachaça adulterada para valer mais dinheiro ataca o fígado, rins, coração e complica o sistema nervoso central, no pequeno buteco seu José deixa a mostra à imagem de Nossa Senhora Aparecida, sua fé pode ser contrita, porém seu crime é lento e aceitável, bebe quem quer. O açougueiro compra o gado doente e dependura a carne contaminada, um ovo de solitária vai gerar na cabeça do cliente daqui um tempo, porém no seu atestado de óbito não constará o dia da contaminação. E na praça está a humilde vendedora de salgados com seu saquinho de suco, o preço é razoável e quem vende vales-transportes e picolé pode lanchar a vontade, o ciclo vicioso da contaminação pode estar iniciando ali, de onde veio a água do suco que talvez não tenha recebido o tratamento adequado, a mão suja que manuseia os salgados e por fim a intoxicação alimentar, quando vem o socorro já é tarde, uma morte rápida e dolorosa e, a vendedora com sua cesta do lado não se dá conta do crime que cometeu.O motorista cochilou e o carro chocou-se com o caminhão carregado, morreram todos, um homicida perdoado por ter sentido a dor da sua displicência. Vivemos morrendo a todo instante,  pela droga que deixamos entrar na nossa frágil condição de lidar com novos tempos. Ninguém ainda foi culpado pela correnteza de sangue que arrasta brancos, pretos, ricos e pobres, balas perdidas viajam na velocidade da luz para escurecer as vistas de mais um. Ainda não é pouco, pisamos diariamente o caminho das formigas que preparam suas dispensas para as águas. Os nobres descarregam suas armas em animais criados para serem abatidos ao bel-prazer. Monstruosos estilistas fazem pedidos de peles de outros animais que são perseguidos e sacrificados para vestirem assassinos constitucionais.

Saddam Hussein  assassinou Curdos e Xiitas e, todos aqueles que segundo ele o traiu, a Besta-fera, George Bush o maior de todos os terroristas mandou caçar e  enforcar  Saddam. Porém, nos seus inflamados discursos ele não se considera culpado. Assim como todos os outros assassinos, somos inocentes.

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