Por Edmilson Cordeiro
A medicina hipocrática, considerava o processo de cura um fenômeno espiritual, comandado por um Deus poderoso “ASCLÉPIO”, auxiliado por suas filhas, Hygieia (deusa da saúde) e Panakéia, especializada em conhecimento de remédios derivados de plantas ou da terra.
Hygieia velava pela manutenção da saúde: prevenção. Panakéia, buscava a cura através de seus remédios: terapia.
-Prevenção e terapia, dois aspectos da medicina de então, válidos até hoje. As serpentes também desempenharam um papel de destaque e, enroladas na vara de Asclépio, tornaram-se o símbolo da Medicina Ocidental.
A Medicina moderna teve seu inicio bem mais tarde com a filosofia mecanicista de DECARTES, quando William Harvey explicou a circulação sanguínea em termos mecânicos. Mas somente no século XIX com as pesquisas de Rudolf Virchow em estruturas celulares e principalmente de Louis Pasteur, demonstrando a correlação entre bactéria e um grande número de doenças, que se constatou a necessidade do laboratório nos processos de estudos, pesquisas, diagnósticos, monitoramento de tratamentos e confirmação de curas. Desde então, a Medicina ciêntífica tornou-se definitivamente laboratório-dependente.
Na atualidade, com o grande aumento do conhecimento científico e em conseqüência , um altíssimo desenvolvimento tecnológico, o Laboratório Clínico passou a ser o auxiliar em 65% dos diagnósticos realizados no mundo. Atua em 90% dos monitoramentos durante tratamentos e tem um papel destacado na constatação de cura da maioria das doenças que acometem os seres humanos. Não podemos esquecer, que a cada dia colocamos à disposição dos clínicos novos analitos, que quantificados ou simplesmente detectados, passam a ser parâmetros, levados em consideração no estabelecimento preciso de um diagnóstico.
A descoberta da cadeia hormonal, dos marcadores tumorais, de diversos parâmetros imunológicos, a evolução e modernização da bacteriologia, a descoberta de inúmeros analitos dentro da fisiologia e bioquímica humanas, levou à invenção de aparelhos sofisticados, totalmente automatizados. Estes aparelhos nos permitem a detecção e/ou quantificação de todos estes parâmetros conhecidos, com uma redução muito grande no tempo de execução de técnicas e aumento do número de exames. -Sistemas de controle de qualidade foram estabelecidos e são seguidos com rigor. Padronização de técnicas e de unidades expressas em laudos, fazem com que os resultados de um laudo laboratorial, seja entendido e aceito em toda nossa aldeia global.
-Enfim, o laboratório tornou-se o principal entre os SADTs (Serviços Auxiliares de Diagnósticos e Tratamentos) e por conseqüência o braço direito dos clínicos.
Por que então, não sentimos o reconhecimento dos pacientes e mesmo dos demais profissionais de saúde, pelo nosso trabalho? Por que somos achacados e espezinhados? Por que em unidades clinicas, o laboratório sempre ocupa o lugarzinho que sobrou? Por que a culpa é sempre do laboratório? Por que explicações em nossos laudos, de que esta ou aquela técnica pode levar a falso-positivo ou negativo; não são levadas em consideração?
Por que a frase tão anti-ética: repita em outro laboratório, é tão imposta ao paciente, quando o certo seria o profissional de saúde contatar o laboratório e discutir com o responsável as suas dúvidas ou descrenças?
Por que profissionais transcrevem pedido de exames para o sistema SUS, de um paciente que acabou de pagar R$400,00 por uma consulta? Ele sabe, que com seu procedimento está isentando o paciente do pagamento de exames, está onerando o sistema de saúde publica, está prejudicando pacientes que necessitam também dos exames, mas não podem pagar por eles e finalmente está prejudicando enormemente o seu grande auxiliar, o laboratório.
Por tudo aqui exposto, devemos planejar uma ação, como a idealizada pela Organização Labs Are Vital e, proclamar aos quatro ventos quem somos, o que fazemos, as dificuldades que temos e exigir o reconhecimento de todos pelo nosso esforço, por que afinal sem o laboratório, diagnosticar seria quase impossível, o que certifica o titulo deste editorial; Labs Are Vital.
