Por Patrícia Gomes
Colunista do jornal Hoje em Dia
Eu tenho saudade de quando você era o meu melhor amigo. Tenho saudade de beber com você até a bebida acabar. Tenho saudade de saber de quase tudo e contar absolutamente quase tudo. Saudade de ser a primeira a saber. Saudade de ser essencial. Saudade de estar ali sempre que você precisa. De prever a próxima frase que você vai dizer. De saber exatamente qual vai ser a sua reação. De ver você rindo só porque já sabe que eu vou rir também.
Tenho saudade do tempo em que a gente ainda achava a vida boa e o jornalismo o máximo. De quando a gente pensava sobre quaaaaaaando ia ficar velho. Saudade de ficar velha com você. Lembro de quando todo mundo que queria saber de você, perguntava pra mim. Lembro de quando quem queria saber de mim, olhava pra você. Nunca vou esquecer o dia em que a gente decidiu que era irmão de alma, que ninguém superaria isso.
As brigas me dão saudade. As raivas e os mal-entendidos. Os dias de cara feia. Os dias sem brincadeira. Os dias de juro-que-não-te-amo-mais. Tenho saudade de quando eu queria por um segundo que você sumisse da minha vida pra sempre, até daqui a pouco.
Saudade dos segredos que eu te contava. Saudade de quando você esquecia deles. E saudade de quando contava pros outros sem lembrar que eram meus.
Eu me lembro direitinho de quando éramos nós dois contra o resto do mundo. Achavam que a gente era namorado. A gente já namorou? Talvez... Porque eu tenho uma imensa saudade do respeito sem vergonha que você sempre teve comigo.
E os telefonemas em horários impróprios só pra me contar que estava enlouquecendo? E a minha mania de perseguição? E o tanto que você sempre defendeu os meus namorados? Rá! Posso te falar? Nenhum deles tinha razão! Os namoros terminavam e eu continuava com você! Amizade de verdade a gente não termina porque o outro não deixa!
Você sempre teve o dom de me fazer lembrar como eu precisava crescer. E não é que funcionou? Você quebrou o meu porquinho, queimou a minha colcha, estragou o ventilador da minha mãe e eu nunca consegui ficar brava! Tudo bem, quebrei a sua câmera, mas ela era velha, mais velha do que a nossa amizade.
Você riu quando eu caí na boate, riu quando eu caí da escada, riu também quando eu caí durante a viagem para o Peru. Nas três ocasiões eu fiquei cheia de hematomas e ri até chorar com você ou chorei e depois ri... Legal mesmo é quando a alegria escorre pelo rosto!
A gente era feliz! A gente provocava a inveja mais baixa que qualquer ser humano pode sentir! A gente era lindo!
Tenho saudade de tudo que ainda existe, mas que já não é a mesma coisa.
Tenho muita saudade de você!
Te amo, meu amigo, meu irmão de alma!
Ass.: juro-que-não-te-amo-mais (agora é sério!)