Por Kênio Pereira
* Presidente da Comissão de
Direito Imobiliário da OAB-MG
Em um mundo consumista e competitivo consiste um desafio conviver com determinadas pessoas em um condomínio, no trabalho, em uma entidade, onde alguns não sabem disputar ou respeitar o próximo.
Se o invejoso fosse facilmente identificável, ninguém se arriscaria a morar no mesmo edifício, já que este, quando resolve assumir funções de destaque ou participar efetivamente de uma coletividade é capaz de criar situações insuportáveis para sabotar a convivência.
O problema é que esse “câncer social” age de forma dissimulada, às vezes bajulando, busca espaço, inclusive profissional, sendo um perito em intrigas, fofocas, em vez de se preocupar com a sua vida e trabalhar de forma digna e honesta.
Para Oscar Wilde, essa situação pode ser estimulante para o invejado: “O número dos que nos invejam confirma as nossas capacidades”.
O invejoso cria situações inconfessáveis nos condomínios, em comunidades na internet, em sindicatos e associações, sendo mais grave quando o mentor possui cursos superiores e boa oratória, pois utiliza seu conhecimento para o mal, de maneira engenhosa e articulada.
Não há nada de errado em desejar ser como alguém talentoso, que obteve sucesso e se esforçou para ser reconhecido, pois desejar melhorar de vida e espiritualmente é uma qualidade.
O problema é quando a pessoa assume uma postura patológica, que gera danos até a seus parceiros que não percebem sua verdadeira motivação, pois gasta sua energia para perseguir quem deseja ser, a ponto de envolver a coletividade (condôminos ou associados) com suas fantasias e delírios.
É importante identificarmos o invejoso, pois ele não se limita a desejar o que o outro tem ou conquistou, sendo que no campo profissional o ciúme do homem cria situações inacreditáveis. Zuenir Ventura menciona no livro “O mal secreto” que “ciúme é querer manter o que se tem; cobiça é querer o que não se tem; inveja é não querer que o outro tenha”. Assim, o invejoso não se limita a ficar triste pelo bem alheio, mas tem prazer pelo mal que pode causar ao próximo.
Ao ouvir uma pessoa denegrir, desqualificar, ou desacreditar alguém, devemos tomar cuidado com o veneno que destila, sendo interessante perguntar: Por que você está dizendo isso? O que exatamente a pessoa fez? Conte os detalhes. O invejoso, por ser covarde, geralmente desconversa, sai de fininho, e pior, nunca escreve o que fala, pois tem pavor a fazer prova de sua insignificância e má-fé.
O pai da neurociência moderna, Ramón Cajal, explica que “a inveja é tão vil e vergonhosa que ninguém se atreve a confessá-la”.
