Intuição e Racionalismo II

Jornal O Norte
18/07/2005 às 15:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:48

Petrônio Braz *

(continuação)

O homem primitivo não tenta descobrir os fenômenos naturais, mas apenas procura explicá-los através do sobrenatural. Não age de maneira racional. Explica a natureza através do MITO, atribuindo os fenômenos à influência de divindades, gênios, demônios, etc. O mito procura explicar os acontecimentos da vida por meio do sobrenatural. Adolf Bastian, fundamentado na homogeneidade física e psíquica do ser humano, em todos os tempos e em todos os lugares, esclarece a presença de mitos análogos existentes entre povos primitivos da América, da África e da Oceania. O mito não tem existência real.

Remontando à mais alta antiguidade e prendendo a sua raiz nos espíritos incultos, a origem dos mitos é fatalmente obscura. Por conseguinte aparecem diversos sistemas sobre a sua gênese e mecanismo original. O primeiro é o do filósofo grego Eyhemero, do século IV antes da nossa era, que via nos mitos narrações figuradas dos acontecimentos históricos e nos deuses e outras personagens míticas, reis ou heróis que tinham deixado recordações de gratidão ou terror. Este sistema foi ressuscitado no século XIX por Herbert Spencer.

Os fenômenos humanos maravilhosos têm sido observados através dos tempos. Na Mesopotâmia, procurando estabelecer uma relação entre o visível e o invisível, ofereciam sacrifícios aos gênios do BEM e maldiziam os gênios do MAL. Os caldeus e os hebreus, todavia, já sentiam a existência de um ser superior, único, que dominava e regia o Universo.

Na Pérsia, Zoroastro, em seu livro das ERAS dividiu os gênios em categorias e formou uma hierarquia celeste demoníaca. Criou a primeira personificação do demônio.

As pirâmides demonstraram o respeito dos egípcios pela alma dos mortos, de cuja existência não duvidavam.  Nos templos egípcios o Ocultismo atingiu seu ponto máximo. Embora adorassem vários deuses (Ires, Osíris, etc.), no segredo dos templos os sacerdotes adoravam um deus único e invisível – Aton.

Os gregos, enamorados da Natureza, foram os primeiros povos a estudar e explicar os fenômenos extraordinários sob o ponto de vista natural. Na Escola de Mileto, na Jônia – colônia grega da Ásia Menor – partindo do concreto para o abstrato usaram métodos indutivos para buscar a verdadeira causa de todas as coisas. Deixando de lado a tradicional teoria animista da dicotomia alma-corpo, inauguraram a teoria da composição atômica e molecular de todos os corpos e de seus componentes básicos e elementares: fogo, ar, água e terra. Hipócrates apontou causas naturais para as doenças do homem, retirando a possibilidade da existência de espíritos alojados no homem. Destacamos dentro do ocultismo grego o matemático Pitágoras – sua arché (origem e essência de todas as coisas) é o número. O número era considerado a substância do Universo. Heráclito chegou à conclusão de que tudo se transforma. A cada momento tudo é diferente – não existe nada que é – tudo está se transformando.



O Império Romano manteve a cultura grega, mas com a queda desse Império e com o advento do cristianismo foi neutralizado o desenvolvimento da cultura, promovendo o retorno ao misticismo.

Analisado sob o ponto de vista do método, o misticismo pretende conhecer as verdades metafísicas e morais por meio de revelações de natureza sobrenatural, sendo inúteis ou insuficientes os estudos físicos ou matemáticos para conhecê-los. O Ocultismo foi brutalmente combatido pela Igreja Católica. Em todos os países os ocultistas - bruxos e às vezes sábios - foram queimados vivos em verdadeiras fogueiras humanas. Contudo, as pesquisas físicas e humanas foram reiniciadas. A mística transformava-se em estudo científico.

As ciências tiveram considerável importância na Idade Média. Destacaram-se a Alquimia, a Astrologia e as mancias: Necromancia, Brizomancia e Quiromancia. Da Alquimia surgiu a química moderna; os sacerdotes, nos templos secretos, estudavam as substâncias químicas e suas relações com o homem. A Astrologia, originada na Caldéia, de onde se espalhou por todo o Mundo Ocidental, é a arte de ler o futuro através dos astros; homens como Tácito, Galileu, Santo Thomaz de Aquino, Kepler e tantos outros dela se ocuparam. A Astrologia é a metafísica da Astronomia. A Necromancia, iniciada na Grécia, era a arte de evocação dos mortos. Considerada como a origem de todo o saber oculto, divide-se em três grandes grupos: Os magos buscavam o apoio dos mortos em benefício da cultura; os feiticeiros evocavam os mortos para fins maléficos e os religiosos procuravam, através dos mortos, uma ligação com o Criador. A Quiromancia, pelo exame das linhas da mão, busca adivinhar o caráter e o futuro das pessoas; é uma arte muito difundida.

Aristóteles afirmou que “as linhas das mãos não estão escritas sem nenhuma razão, mas provêm da influência do céu no seu destino”. Os modernos estudos científicos não aceitam a Quiromancia, mas admitem sua realidade nos casos de Psicometria. A Brizomancia é a ciência que busca interpretar os sonhos. 

O Renascimento jogou por terra as explicações místicas. (Continua).

* Advogado e escritor. Presidente da ACLECIA

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