José Geraldo Mendonça Júnior *
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE divulgou o Índice de preços ao consumidor amplo-15 (IPCA-15) de fevereiro, que foi de 0,52%, e isto mostra uma estabilização da inflação, pois o IPCA de janeiro variou 0,51%. E, ainda segundo o IBGE, apesar da queda nos preços de alimentos e vestuário, as altas nas passagens de ônibus e nas mensalidades escolares fizeram com que o índice praticamente se igualasse ao de janeiro.
A observação deste último IPCA mostra que já existe uma tendência de queda da inflação e, como o IPCA é utilizado como base para a meta de inflação do Banco Central, o mercado já trabalha com a premissa de que o Comitê de Política Monetária – Copom irá promover uma redução da taxa Selic (que está em 17,25% ao ano) agora em março.
É bom a gente ficar de olho no IPCA de janeiro a março e verificar como ficou o dos últimos 12 meses. E a meta de inflação do governo federal para 2006 é de 4,50% e o mercado reduziu a sua estimativa de 5,59% para 5,50%. E, com isto, vão se dissipando as nuvens negras preconizadas pelos ortodoxos e xiitas de plantão.
Agora, em março, o aumento do álcool pode afetar o índice oficial de preços, mas pode ser considerado sazonal e o próprio mercado vai promover a acomodação dos preços. Enquanto isto, os alimentos podem contribuir para que o IPCA siga em direção às metas do governo.
O IPCA é usado para medir os gastos com bens e serviços das famílias que ganham entre 01 e 40 salários mínimos, reflete o custo de vida de São Paulo e serve de referência para o resto do país.
Os analistas e o cidadão brasileiro têm que verificar como estão os outros indicadores, no caso IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas e o IPC/Fipe, que são muito utilizados como indicadores, sendo o primeiro utilizado para reajuste de tarifas de telefones, das empresas que faziam parte do sistema Telebras, privatizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Logo, para entender como se comporta a inflação, devemos ficar de olho nos três principais indicadores econômicos do país. E torcer para que a inflação esteja em fase de desaceleração e caminhando para a meta estipulado pelo Banco Central para 2006. Com isto, o Copom poderá reduzir a taxa de juros básica, a Selic, dos atuais 17,25% para algo em torno 16,50% ao ano.
Os economistas mais ortodoxos acreditam que poderia haver o risco de desabastecimento com uma melhora no poder de compra da população e a redução do desemprego, principalmente, nos grandes centros. Mas isto não é de se espantar, pois, por trás disso está o detentor do capital para investimento, ou seja, os banqueiros que querem continuar faturando e lucrando com os juros altos.
Os xiitas e os ortodoxos que estão apostando em um mar de tormentas para a economia brasileira podem tirar os seus cavalinhos da chuva porque tudo indica que as tendências são contrárias às dos pessimistas. Porque o mercado age de acordo com a razão e não com a visão falaciosa daqueles que só pensam nas eleições gerais de outubro de 2006.
* Economista
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