*Eduardo Costa
Não é a primeira vez que escrevo sob o tema neste minifúndio. Só queria dizer que continuo impressionado com o imobilismo, com a falta de atitude que margeia nossas vidas, no que concerne aos três níveis sabidos da Federação – União, Estado e Município. Como vivemos é na cidade, tenho de cobrar mais do prefeito, sem, no entanto, desconsiderar a omissão de governador, deputados, presidente da República, enfim, todos aos quais pagamos salário e bancamos vida boa.
Existem mil exemplos todo dia, mas vejamos só a questão do trânsito. Qualquer hora, do dia ou da noite, domingo ou sexta-feira, meia dúzias de pessoas fecham a avenida Afonso Pena e que se danem os 2,5 milhões de habitantes. A gente nem vê mais a figura do agente de trânsito. A BHTrans, proibida de multar, é tão respeitada quanto um juiz de várzea; a Guarda Municipal parece o Paulo Autuori no comando do Atlético – olha, olha, não faz nada, e, se faz, piora o quadro; a Polícia Militar tem um batalhão que a gente não vê na hora que precisa.
Ainda sobre tráfego, trânsito e postura, vamos a outra discussão que me tira do sério. Há 20 anos cobramos o recolhimento de veículos deixados pelas ruas da cidade. Ninguém faz nada, ninguém assume. O amigo Luís Borges fez um questionamento ao Detran. O órgão pediu parecer à Advocacia do Estado, que remeteu o assunto ao Município, dizendo que a responsabilidade é do prefeito.
O que o Detran não sabe é que, antes de consultá-lo, Luís pediu uma providência à Ouvidoria Geral do Estado e essa respondeu que é sim com o Detran. Deu até o número da lei, de número 5.874, de 11 de maio de 1972, que diz no artigo 1º: “O Departamento Estadual de Trânsito, da Secretaria de Estado da Segurança Pública, depositará, em local que designar, os veículos removidos, retidos ou apreendidos por infração às normas de trânsito e aqueles que estiverem abandonados na via pública por mais de 24 horas consecutivas”. Então, o Luís perguntou: por que não se cumpre a lei que ontem completou 42 anos? Ninguém responde.
Fosse eu o prefeito de qualquer cidade, faria como o Carlim, de Contagem, que assinou um decreto e está rebocando as carcaças, criatórios de mosquito da dengue, esconderijo de bandidos e outros usos indevidos. Afinal, na rua pode-se estacionar, dentro das regras, mas ela não é estacionamento.
O problema é que ninguém assume as coisas. Um prefeito tem centenas e centenas de assessores, mas nenhum deles é capaz de entrar no carro oficial, dar um pulo ao secretário de Defesa Social ou a um deputado da situação na Assembleia e resolver o problema.
Parece que os servidores públicos mais graduados vivem noutro planeta. Quando há risco de enchentes, colocam placas para os motoristas fugirem; se capivara tem carrapato com febre maculosa que mata no parque, põem placas para pessoa ficar olhando a roupa para ver se o bichinho não a está subindo... “Êta povo bão só prá aumentá imposto, sô!”.
