Antônio Augusto Souto
Entendo que amar
é querer o bem do outro
e que, nesse almejado bem alheio,
embute-se o próprio bem
daquele que o almeja,
que o amor bem ordenado
começa por si mesmo,
abençoado.
O amor do poeta, no entanto,
ora traz o sorriso,
ora conduz ao pranto;
que é força sublime
que incentiva e constrói,
que é, também, sopro fortíssimo
que machuca
e sempre dói.
O impulso que o peito incendeia
pode ser libertação,
pode ser negra cadeia...
Ter asas, ser liberto,
estar do amor prisioneiro,
tudo cabe, na imagem
e no conceito;
no instante mais fagueiro;
no perfeito;
no imperfeito...