Por Luís Alberto Caldeira
Foto: Divulgação![]() |
Não me acusem de ser o chato da turma. Mas humilhação é a melhor palavra que descreve os trotes constrangedores que, ao longo de toda esta semana, roubaram a cena nos semáforos do All Time, cruzamento das avenidas Mestra Fininha e Sanitária, em Montes Claros. Lado a lado a vendedores ambulantes, entregadores da panfletos e mendigos, estudantes recém aprovados no vestibular são obrigados, com o fundo de brincadeira de boas vindas, a desfilar pelas ruas descalços, com o corpo pintado e com chapéu de burro na cabeça e a pedir dinheiro a motoristas para financiar a posterior bebedeira de seus veteranos. Até quem não queria estar ali é intimidado a entrar no clima para não ser excluído socialmente.
Umbilicalmente ligado a álcool e a agressividade, este ritual de passagem da vida estudantil, muito comum nas décadas anteriores, insiste em voltar à rotina acadêmica enquanto notícias sobre tragédias “sem culpados” estão fora das páginas dos jornais, como a morte de um calouro do curso de medicina da USP afogado durante um trote numa piscina, em 1999.
As universidades comprometidas em dar um fim neste tipo de comportamento já expulsaram os trotes violentos de dentro dos campi substituindo por trotes solidários, com campanhas de doação de sangue e de assistência a entidades filantrópicas. Ainda assim, faltam providências administrativas no sentido de identificar e penalizar os acadêmicos veteranos que insistem em passar à frente o constrangimento que provavelmente foram submetidos no semestre anterior.
