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Quarta-Feira,17 de Dezembro

Humanismo e religião

Jornal O Norte
Publicado em 11/01/2013 às 19:44.Atualizado em 15/11/2021 às 16:55.

Petrônio Braz



O Humanismo clássico surgiu com o Renascimento, no Século XV, portando, há mais de cinco séculos, vinculado às transformações de natureza cultural, social, religiosa, política e econômica da época e objetivando colocar o “homem” como centro do Universo, e ainda está presente nos tempos modernos.



Aqui não me refiro ao Humanismo existencialista, marxista ou religioso, mas ao clássico, dos racionalistas, dos agnósticos que veem o homem como o ser dominante em permanente estado de aperfeiçoamento, que exerceu grande influência nas ciências e na própria cultura humana, definindo a ruptura entre a Igreja (religiões) e as Ciências (cultura humana).



O ser humano, voltado para dentro de si mesmo, reconhece a sua superioridade e ultrapassa os limites da subordinação a crenças que, de certa forma, o reduzem à condição de mero expectador, submisso à adoração de ídolos materiais e imateriais, como foram todos os seres humanos na sua fase primitiva, desde as cavernas à escravidão.



Verdade que, como observou Sartre, para ser superior é necessário que outro ser reconheça essa superioridade, ser esse inexistente por ser o homem o único dotado de racionalidade na face da Terra. Tal fato, todavia, não pode subordinar o mesmo homem ao que ele efetivamente desconhece, criando, dentro desse desconhecimento, entes ou ídolos imateriais postados em nível de superioridade. O racionalismo repele essa subordinação.



Não se pode, a toda evidência, pretender a separação das questões que possam ou não ser formalizadas logicamente, como os enunciados matemáticos, dos problemas metafísicos, de certa forma inacessíveis, entendendo-se metafísica, com William James como “apenas um esforço extraordinariamente obstinado para pensar com clareza”.



É pensando com clareza, dentro de uma consciência cósmica, que não se pode admitir a existência de divindades antropomorfas superiores ao próprio homem. Temos que estar conscientes de que “as leis físicas do Universo não são subordinadas a entidades imateriais ou sobrenaturais como demônios, deuses, ou outros seres “espirituais” fora do domínio do Universo natural”.



Com Fritz Stevens, Edward Tabash, Tom Hill, Mary Ellen Sikes e Tom Flynn, somos levados a ter uma visão humanista do mundo com os seguintes elementos e princípios:



- Uma convicção de que dogmas, ideologias e tradições, quer religiosas, políticas ou sociais, devem ser avaliados e testados por cada pessoa individual ao invés de simplesmente aceitas por uma questão de fé.



- Compromisso com o uso da razão crítica, evidência factual, e método científico de pesquisa, em lugar da fé e misticismo, na busca de soluções para os problemas humanos e respostas para as questões humanas mais importantes.



- Uma preocupação primeira com a satisfação, desenvolvimento e criatividade tanto para o indivíduo quanto para a humanidade em geral.



- Uma busca constante pela verdade objetiva, tendo entendido que nossa imperfeita percepção dessa verdade é constantemente alterada por novos conhecimentos e experiências.



- Uma preocupação com esta vida e um compromisso de dotá-la de sentido através de um melhor conhecimento de nós mesmos, nossa história, nossas conquistas intelectuais e artísticas, e as perspectivas daqueles que diferem de nós.



- Uma busca por princípios viáveis de conduta ética (tanto individuais quanto sociais e políticos), julgando-os por sua capacidade de melhorar o bem-estar humano e a responsabilidade individual.



- Uma convicção de que com a razão, um mercado aberto de ideias, boa vontade, e tolerância, pode-se obter progresso na construção de um mundo melhor para nós mesmos e nossas crianças.

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