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Segunda-Feira,12 de Maio

Henrique: o seleiro e o defensor

Jornal O Norte
Publicado em 29/09/2009 às 10:02.Atualizado em 15/11/2021 às 07:12.

João Avelino Neto


Advogado



Ele, o companheiro da FADIR e das lides forenses, partiu um pouco antes do pleno alvorecer da Primavera. Talvez para vê-la desabrochar-se de uma visão celestial, contemplando no cerrado o pau d'arco de copa coberta de um véu canarinho de flores, deslizando mansamente sobre o chão, sob a espreita do veado campeiro, a esperar o sol se por e a lua surgir para experimentar o seu néctar, longe da espingarda do caçador impiedoso.



Conheci Henrique na FADIR, em 1976. Precisamente no dia do trote, ocorrido e vivenciado no velho prédio da Escola Normal, agora restaurado e reinaugurado com pompas de feito histórico pelos mesmos que o levou as ruínas. Fato registrado e perpetuado em fotografia, resgatada por Antonio Carlos Silva, grande amigo de Henrique, que emoldura o nosso espaço de trabalho.



Henrique era sertanejo de origem. Na fala. No trato. E no jeito. Foi seleiro, como "Turíbio Todo" de Guimarães Rosa. Mas não tinha papo e nem era papudo. Não duelou em vão. Deixou pisadas e rastos profundos no campo do trabalho e da vida. Sempre com eficiência, dedicação e ética.



Podia ter ficado mais tempo aqui. Todavia, a morte é uma realidade inexorável. É, talvez, a única certeza que existe.



Fernando Pessoa já cravou isso em verso:



"Quando vier a Primavera,


Se eu já estiver morto,


As flores florirão da mesma maneira


E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.


A realidade não precisa de mim".



Não obstante o duro realismo do poema de Fernando Pessoa e a hipocrisia de muitos, é preciso, a cada ano, celebrar a primavera, suas flores e as pessoas que nos são gratas.

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