Dirceu Cardoso Gonçalves
Dirigente da Aspomil
A denúncia do deputado Índio da Costa, candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo PSDB – de que o PT teria ligações com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) e com o narcotráfico – exige a mais severa apuração. Jamais poderemos, num Estado Democrático de Direito, admitir que nossos governantes tenham esse tipo de comprometimento. Se realmente tiverem, o Supremo Tribunal Federal e a Justiça Eleitoral terão de tomar urgentes medidas saneadoras. Mas, se não tiverem, aqueles que os denunciaram falsamente terão, no mesmo grau, de pagar caro pela irresponsabilidade. Mais uma vez estamos diante de uma situação gravíssima, que não admite recuos, e negligenciá-la seria impatriótico.
Esperamos que, diante dos desdobramentos que tais declarações podem impor ao processo eleitoral, já em andamento, a Justiça Eleitoral se debruce sobre o caso e busque sua apuração até as últimas conseqüências. Não queremos e nem podemos ser governados por figuras ligadas a terroristas e narcotraficantes e muito menos por mentirosos irresponsáveis. Um dos lados dessa contenda tem de sofrer a mais completa reprimenda. Os petistas se, efetivamente, sobrar provada sua vinculação à guerrilha e ao tráfico, terão de ser exemplarmente afastados do processo sucessório e processados criminalmente. Mas, se as denúncias não forem verdadeiras, aqueles que a veicularam jamais poderão sair ilesos, pois não se pode brincar com a honra alheia e, muito menos, tentar induzir o povo a erro.
Lamentavelmente, o Brasil tem vivenciado episódios político-criminais de extrema irresponsabilidade, sem que seus autores, incentivadores ou participantes sejam punidos. Desde o famoso escândalo das pedras preciosas, nos anos 80, que colocava um influente ministro como contrabandista, a população tem sido bombardeada por denúncias fortes, mas não é informada de como cada caso termina. Na questão do ministro, nem ele e nem quem o denunciou foi punido. O que teria acontecido? Depois vieram os dossiês malandramente divulgados em épocas eleitorais e mal desmentidos, além de outras falcatruas descritas como crimes de lesa-pátria e esquecidas logo depois de provocar estragos à imagem dos denunciados.
Cadê o respeito ao povo? Será que essas pessoas e instituições denunciantes pensam que o ouvido da população é penico? Talvez pensem! Mas não é... A nossa esperança está toda calcada na Justiça que, diante da falta de efetividade dos outros poderes, tem feito as vezes do Executivo e do Legislativo para garantir a governabilidade deste país.
Agora, chegamos novamente a um momento crucial. É inadmissível que o PT possa continuar no governo e concorrer a um novo mandato se realmente tiver o comprometimento que os sr. Índio da Costa denuncia e seus correligionários confirmam. Mas é igualmente inaceitável que, se não provarem, os denunciantes continuem participando do processo eleitoral como se nada tivesse ocorrido. Cabe-lhes o ônus das provas. E qualquer resultado que se encontre, desde que verdadeiro, representará uma enorme assepcia para o Brasil. Não podemos admitir o poder exercido por guerrilheiros, narcotraficantes e, muito menos, por desequilibrados ou mentirosos...