Bruno Peron Loureiro
Bacharel em Relações Internacionais pela UNESP
Aproveita-se o tempo livre de maneiras distintas. Enquanto um gosta de reunir-se com os amigos em frente de casa para uma conversa casual, outro prefere alugar um filme e assisti-lo com a família. Da mesma forma que a pescaria impacienta alguém, outro vê nela seu refúgio prazeroso. O governo não determina como cada um ocupa seu tempo livre, mas oferece e promove opções.
O lazer é a outra cara do trabalho, além de causa e efeito de melhor qualidade de vida. A intenção era a de concentrar-me nas atividades de lazer que fogem da rotina, portanto desconsiderar o tempo ocioso gasto no curto intervalo laboral da semana, embora este também possa ser muito bem aproveitado. No entanto, acabei por invocar outras conotações do lazer, algumas das quais se podem ocupar criativa e educativamente.
Falo de políticas municipais que ofereçam mais opções de lazer e facilitem a iniciativa privada, que contribui para a exploração dos potenciais culturais que as cidades possuem. Estes podem-se desenvolver em novos bares, cafeterias, restaurantes, templos religiosos, museus, parques temáticos, sítios ecológicos e outros espaços de convívio. A ênfase está na diversificação das opções.
Não há regras para o aproveitamento ideal das horas de lazer. Poucas vezes paramos para pensar se aproveitamos bem ou mal o tempo livre. Uns reclamam que não têm nada para fazer, outros culpam a falta de tempo para fazer as coisas. As duas opções são desculpas redundantes de uma acomodação no tempo. Porém, o relógio faz tic-tac até quando acaba a bateria.
E como ocupar o tempo nos momentos em que a pessoa finaliza as tarefas que lhe são atribuídas no trabalho antes de cumprir o expediente, ou no horário de almoço, ou no trânsito enquanto o veículo deixa o passageiro num estado de ócio. Apesar de estes exemplos não representarem períodos de lazer, ainda é possível experimentá-los utilmente.
O lazer permite também que o trabalhador contribua para a sociedade e nela se manifeste sem a obrigação de fazer aquilo que lhe dá sustento financeiro. Tal é a razão que dissocia lazer como sinônimo de ter dinheiro. História mal contada de que quanto mais dinheiro tem, de mais lazer usufrui. Todos podem ocupar bem seu tempo livre independentemente da renda, ainda que muitos bens de consumo fiquem de fora. O que importa é que se esclareçam as opções.
A proposta, assim, é a de aumentar as opções de lazer com incentivo a políticas municipais que facilitem o acesso dos segmentos marginalizados a atividades pagas e promovam o lazer atrelado à função educativa, além do estímulo à iniciativa privada. A economia mobiliza-se sobremaneira com o estímulo do lazer e este, naturalmente, permite o desenvolvimento pessoal, a reposição de energia e a harmonia coletiva.
As políticas de estímulo ao lazer educativo tratam de, entre outras, atividades regulares nas escolas e centros comunitários, construção de praças e parques públicos. Aí reside o incentivo à leitura, ao desenvolvimento da criatividade e à prática de esportes. Estas medidas têm dado certo em várias cidades brasileiras, pois permitem o encontro benévolo de pessoas, a troca de experiências e formas de lazer mais democráticas e saudáveis.
É comum que se aglutinem esporte, lazer e recreação na mesma secretaria municipal. Associam-se de alguma maneira, mesmo que a categoria de lazer seja mais ampla. É promissora a consulta popular em bairros para descobrir o que gostariam de fazer os moradores em seu tempo livre, seguida da criação, por exemplo, de centros comunitários com a realização destas atividades ou o incentivo ao pequeno empreendedor.
O Brasil precisa de políticas que deem opções ao lazer.