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Sexta-Feira,18 de Outubro

Globalização, desigualdade e pobreza - por Neumar Rodrigues

Jornal O Norte
07/05/2007 às 21:03.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:03

Neumar Rodrigues *

Os países desenvolvidos sempre fingiram acreditar que a globalização seria a grande panacéia para os países pobres e em desenvolvimento. Venderam  essa idéia e muitos países, por falta de alternativas, acreditaram que poderiam se desenvolver reduzindo desigualdades e pobreza. Mas a história mostrou que as coisas não eram tão simples assim. Livro divulgado pela ONU editado por Jomo Sundaran, secretário-geral adjunto da ONU para o desenvolvimento econômico, e Jacques Baudot, economista especializado em temas de globalização, traz dados bem menos otimistas.

Segundo os dados divulgados, a distribuição das receitas individuais no mundo praticamente se manteve igual, e isso devido ao desenvolvimento da China e Índia. No entanto, a repartição da riqueza mundial piorou e os índices de pobreza se mantiveram constantes nos 20 anos entre 1980 a 2000. Duas décadas é tempo mais que suficiente para que um modelo mostre suas características positivas quanto a seus pontos negativos.

A maioria dos países da África, o continente tão pobre e explorado, manteve-se nos mesmos patamares de pobreza de antes da era da globalização, enquanto outros países em desenvolvimento tiveram a desigualdade acentuada.

Ainda que por muito tempo se pregou que com a globalização haveria um fluxo enorme de capital saindo dos países ricos em direção aos países pobres, mas na verdade o fluxo assumiu direção contrária, engordando as contas dos ricos em detrimento dos pobres.

Parece que a globalização tornou evidente a força da lei do mais forte. Aluta pelo desenvolvimento fez com que cada país buscasse seus próprios interesses, muitas vezes à custa de fortes subsídios em seus produtos e sobretaxa dos produtos vindos do exterior. Pela lei do mais forte, os ricos sempre conseguem impor direta ou indiretamente seus interesses.

Num mundo capitalista selvagem, ninguém quer perder dinheiro e todos lutam com as armas que têm para fazer prevalecer seus interesses. A globalização também parece que criou uma espécie de “frenesi produtivista” a qualquer custo, ainda que para tanto o trabalhador fosse explorado como acontece em tantos países como o Brasil, mas, e principalmente, na China. Também os recursos naturais são extraídos à exaustão como se infinitos fossem. Não se medem mais as conseqüências para o meio ambiente dos milhares de toneladas de dióxido de carbono (CO2) e metano liberados na atmosfera pelas indústrias, como se morássemos em outro planeta que não fosse a terra e que nossos filhos e netos não precisassem de um mundo habitável e respirável num futuro próximo.

Incute-se a necessidade de consumo em todos os povos e busca-se na produção a satisfação dessas necessidades.

O processo exploratório que tem acontecido entre os povos também se dá internamente nos países. No Brasil, os ricos - quase sempre empresários e/ou políticos - estabelecem “as políticas” sociais e econômicas para todos e alguém que não seja doido a ponto de queimar dinheiro acreditaria que eles mexeriam em um fio de cabelo para prejudicar seus próprios interesses? E pela mesma lei do mais forte, eles cada vez ficarão mais ricos enquanto os pobres... bem, os pobres que se lixem, desde que continuem a produzir as riquezas para os ricos.

* Jornalista

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