João Naves de Melo
Desce a Corina
As luzes da ribalta, o escuro cobre;
Solidão e tristeza
No palco vazio:
No ar apenas o eco das palmas
Perdendo-se além das coxias.
Fim de espetáculo,
A repetição da vida passou,
Nada mais resta.
Fim do espetáculo.
Mais um fim de vida.
A vida é assim mesmo
Tem a ocasião do brilho,
De alegria e de luzes do mundo,
Pode voar no jardim da primavera
Mas um dia acaba, fecha a porta
E volta-se ao mundo
À fria realidade
À aspereza do sim ou do não.
Descobre-se o outono,
Quando caem as folhas
Que queriam ser flores.