Terezinha Jardim *
Surgiu no céu a notícia de que na terra ia acontecer uma Seresta. E como no céu tudo é possível, logo reuniram-se João Chaves, Hermes de Paula, Seu Ducho, Sinval, Telé, Luís Procópio, Gilberto, Raimundo Chaves, Adélia e Virgílio para ouvir a Seresta, tão amada por eles, cantar.
A noite prometia ser estrelada, como se fosse um manto negro de veludo bordado de pequeninos diamantes.
Eles espiaram, lá de cima, a Terra e logo localizaram a Seresta e se puseram a ouvir o som maravilhoso dos bandolins e violões.
E, ouviram embevecidos e saudosos o Amo-te muito, O Bardo, Menestrel apaixonado, Eloísa escuta, É a ti flor do céu, e tantas outras músicas do seu enlevo.
Aí veio a Aquarela Sertaneja e Virgílio exclamou:
- Ah! Maria Júlia, a minha caixa está em boas mãos, como eu pedi...
E a noite ficou animada. Eles não se cansavam de ouvir e se sentiam contentes, porque a Seresta João Chaves ali estava, viva e forte para o deleite de todos.
De repente, ouviram-se músicas de Natal. Algumas regionais, outras tradicionais que encerraram a noite seresteira.
O dia começava a anunciar-se, era hora de ir embora.
E nós, aqui na Terra, encerramos com chave de ouro mais um ano de existência: o quadragésimo. Ao olharmos para o céu sabíamos que eles estavam lá, sorrindo e nos aplaudindo. Até ouvimos Adélia, a última a sair, dizendo baixinho:
- Obrigada!
* Membro do Grupo de Seresta João Chaves