Felippe Prates
De novo, não!
Tudo que nós tínhamos escrito e o que ainda íamos escrever para apreciação dos nossos queridos leitores, perdeu importância diante do terrível acidente sofrido por Felipe Massa.
- Gente! Como é possível semelhante isso: uma mola pesando 800 gramas se desprender de um elaboradíssimo carro da Fórmula 1 e atingir a cabeça do piloto do bólido seguinte, no caso o nosso querido Felipe Massa, rodando a quase 300 quilômetros por hora, perfurar-lhe o capacete, romper-lhe o supercílio esquerdo, com fratura de crânio e lesão da massa encefálica!? É demais! Parece obra do capeta, coisa feita! Quem sabe, um atentado!?
Fatalidade que nos deixou praticamente o dia todo diante da TV e da tela do computador, perplexos, a espera de notícias, que à medida que iam chegando em vez de nos tranquilizar nos deixavam cada vez mais com o coração na mão e um sufocante nó na garganta.
A tortura começou logo após o terrível acidente, com as imagens do atendimento do piloto ainda na pista. Tapadeiras no local e o helicóptero a postos, remetiam, dolorosamente, às amargas lembranças do acidente fatal de Ayrton Senna.
E vieram as primeiras informações: um corte profundo no supercílio e uma possível e provável concussão cerebral.
- Ele está bem, apenas muito agitado. Mas fala normalmente e mexe os braços e as pernas, garantiu o amigo Rubens Barichello, emocionadíssimo, um dos poucos que conseguiu entrar no centro médico do circuito húngaro.
A evolução do noticiário se tornou aflitiva, pois iniciou-se o “concurso de palpites”, com a participação de vários médicos ouvidos. É sabido que quem estiver com vontade de ficar doido é só ouvir a opinião de mais de um médico a respeito de um mesmo assunto. Vaidosos, para que possam brilhar, discordam sistematicamente de todos os diagnósticos obtidos e possiveis, deixando-nos a todos nós, pobres e ignorantes mortais, cujos conhecimentos de medicina vão pouco além das propriedades do mercúrio cromo, numa pior, desorientados, confusos, sem pai nem mãe! Vejam bem: temos vários amigos médicos que ocupam sólido lugar no nosso coração pela admiração e pela afeição que lhes dedicamos. Mas, êta povinho difícil de lidar!
Massa foi transportado de helicóptero para o hospital de Budapeste, onde pouco depois uma operação na cabeça foi anunciada, com a finalidade de retirar fragmentos ósseos provocados pela fratura de crânio na altura do supercílio esquerdo. E aí foram confirmados danos cerebrais, a princípio considerados leves. O canal a cabo Speed, porém, começou a soltar notas mais preocupantes. Primeiro, disse que o hospital modificara o estado do paciente de “serious” (sério), para “critical” (crítico). Em seguida, informou que o xará em coma induzida respirava com auxílio de aparelhos e seu estado passara a ser “serious life threatning” (grave risco de vida)!
Na TV Globo, falando em frente ao hospital, Barrichello e Luciano Burti reforçavam a versão de concussão cerebral leve, também bancada pela Ferrari. Mas, no site da “Gazzeta dello Sport”, jornal italiano publicado em Roma, o caso era noticiado assim: “O paciente tem uma fratura no crânio, com dano cerebral muito sério”, declaração atribuída ao neurologista húngaro Peter Baszo, que não soube informar se o doente corria risco de vida e se o acidente poderia deixar sequelas graves, alegando que uma idéia mais clara da situação de Felipe Massa só poderia se ter no domingo pela manhã, após indispensável período de observação e testes pós-cirúrgicos.
Já à noitinha, um aloprado repórter do canal a cabo da TV americana ESPN, em tom dramático, anunciava em frente ao hospital de Budapeste: “Felipe Massa is fighting for his life!” (Felippe Massa está lutando pela vida!)
E até o todo-poderoso cacique-chefe da Fórmula 1, Bernie Eclestone, concluía, após conversar com vários médicos hungaros (candidato a doido?) : “Fica claro que o estado dele não pode ser considerado bom e nos preocupa mas, pelo menos, é estável.”
No final do dia de sábado estavamos arrazados! Torcemos e, na verdade, rezamos, para que a versão divulgada por Rubinho, Burti e da Ferrari seja a mais precisa e que o resto não passe mesmo de pessimismo exagerado ou especulação médica sensacionalista.
Se Deus quizer, muito brevemente o teremos de volta, são, sarado, distribuindo simpatia, como de hábito.
Massa e nós, seus fãs brasileiros, não merecemos mais uma tragédia.
- De novo, não!
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