Felipe I, o único

Jornal O Norte
30/09/2005 às 11:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52

Raphael Reys *

O Livro Sétimo de Plínio pondera não haver no vasto universo duas faces iguais. Assim, temos a certeza de só haver um Felippe I. Como o espírito é imortal, teremos para nossa alegria, e para sempre, o pai do Grey’s Club. E, nos dizeres de Moura Imperial, o mais novo membro da Sociedade dos poetas quase mortos.

...mas apesar do tempo implacável,minha sede de amar não tem fim;com o cabelo grisalho me aproximodas roseiras do jardim. (Dário)

Felippe Prates tem veia sheakspeareana e uma tríplice origem: mineiro do Norte, com vivência e aura from Copacabana, a tudo se somando o coração de bom vivant parisiense.

Nasceu leão, astrologicamente um filho do sol e, na consonância com o secretário do Grey’s, com aquilo para a lua. No mito do leão de Menéia, de pele à prova de ferro, Hércules o matou com bravura, perdendo um dedo entre seus dentes.

O nosso leão Felippe tem porte médio e altivo, olhar magnético e assustador. Psicologicamente, exara a ação da intuição e da vontade sobre a base física. Se nos apresenta ainda com caráter magnânimo e humor otimista, honrado e orgulhoso. Trata-se de um mestre no conto, na narrativa e na piada. Tagore o classificaria como um Mahatman.

É parente de sangue do lendário Pedrim de Araújo, o Veloz. Trilhou, ademais, caminhos múltiplos por este mundão do meu Deus!

Borges reverbera: A divindade só conhece as leis gerais do universo. Felippe conhece, e bem, detalhes e entremeios e, com o seu enorme coração leonino, sente o resultado.

Chorou ao ler um poema do magnífico Georgino Júnior, no suplemento Opinião - e esse mesmo autor fez o mesmo, antes pois, ao escrevê-lo. Era a sua dor de cotovelo! A mesma atração entre os dois escritores, no chorar, se deve a serem astrologicamente opostos, leão e aquário, quando, é certo, os opostos se atraem.

A buena dicha desse Prates descendente é uma característica das almas que, em evolução, aqui retornam em missão, alvissareiras ao nos trazer alegria e amor fraternal.

Como sou o guru astrológico do magnânimo Felippe, previ, pelo Oráculo de Dhendera, que até outubro próximo ele será bafejado pela sorte grande (embora não necessite). As previsões estão em curso. Quem viver verá!

A vida é um mal do qual padece o espírito em sua jornada. Daí que o nobre Felippe I, doravante, será parte da nossa cura. Já morava em nossos corações, sem que disso soubéssemos.

Corrigiu e deu corpo robusto ao meu conto maior, Os olhos negros de Maria Angélica. Nós o esperávamos em breve retorno, ele que é um nobre poeta da vida. Almoçaremos o gostoso churrasco do Gaúcho, quando ele ainda beberá vários uísques, declamando para nós, em seu momento etílico, o poema Yvonne de açúcar.

Fui informado do seu telefonema, ainda no leito hospitalar, e li a sua carta, já de alta temporária. Muito me alegrou saber do seu coração à minha disposição. A princípio serviria por ser braquicárdico, entretanto, o meu médico desaconselhou, citando a lubrificação, regada a scotch, e o seu apego ao sorriso de mulher dama, o que poderia me comprometer, dado a FA’ severa. Prefiro o que o seu bojo contém, aquilo que é para sempre.


 


PS: Estou aguardando transferência para o Hospital São José aí nas Alterosas onde, possivelmente, receberei o competente socorro final.

 (Do quarto 02, da Clínica médica A, do Hospital Universitário Clemente de Farias, o seu guru para assuntos astrológicos elaborou esta pálida e parto coronariano a homenageá-lo).

* Cronista

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