Ajax Tolentino


Escritor e advogado

Os remédios manipulados pelas farmácias, mais ou menos nos anos 60, eram usados nos receituários médicos, meio a meio, com os remédios vindos das grandes indústrias farmacêuticas internacionais. Dos Estados Unidos, França, Alemanha, Holanda e Itália.

As farmácias de antigamente, eram um verdadeiro pronto-socorro, para a população. Para tudo se recorria á farmácia pedindo orientação ao farmacêutico formado, quando tinha, ou ao farmacêutico pratico. A totalidade das farmácias quando o dono não era um farmacêutico. Imperava nelas o farmacêutico pratico, um entendido de remédio.

Neste período que era usada a manipulação, todas as farmácias tinham o laboratorista pratico, para manipular. Como não era obrigado a ter um farmacêutico formado nas farmácias. Eram contratados farmacêuticos, formados, só para a responsabilidade técnica. Muitas vezes eles trabalhavam em outras firmas. Aí, surgiu esta outra categoria de farmacêutico, o farmacêutico prático, não era para manipular, e sim para substituir o profissional formado. Para o atendimento aos clientes, eles tinham bom conhecimento de medicamentos, em muitas das vezes era o dono da farmácia. Eram até apelidados de doutores. Quando não era encontrado um médico. Eles eram obrigados a atender o povo, num atendimento de urgência, para aplicar um soro antiofídico, ministrar um remédio para alguém com uma forte dor, e outros atendimentos.  À noite então, eles eram mais procurados ainda, para no outro dia recorrerem a um médico.

Neste período a venda de remédios populares era grande. Toda farmácia tinha uma área reservada para os envelopes ou vidrinhos de remédios populares, para serem vendidos para o povo. Como o Ruibarbo, a Jalapa, o Calomelano, Também eram vendidos nos saquinhos era o sal amargo e sal de Glaubert e o Sene, que possui propriedades laxativas.

O maior problema do farmacêutico naquela época era com o perigo de infecções. Quando faziam um curativo, não tinha curativos esterilizados. Ou quando aplicava injeções, não existiam agulhas e seringas descartáveis, como hoje. 

Com a chegada dos remédios já prontos, nos anos 70 a 80, para o Brasil. Estes medicamentos foram pouco a pouco tomando conta do mercado de remédios, que eram ministrados pelos médicos. Em detrimento dos manipulados pelas farmácias. Eram mais práticos, já estavam prontos. 

Assim os remédios das farmácias passaram a ser os vindos das indústrias farmacêuticas.  Até no Brasil passou-se a fabricar remédios, dos já prontos. Haja vista aqui em Montes Claros, onde o Doutor Plínio Ribeiro, inventou um fortificante, que foi muito vendido, o Elixir Longa Vida. 

O conhecido médico Dr. Alfeu de Quadros, apesar da mudança, não deixou o habito de prescrever remédios para manipular, até o fim da sua vida. 

A substituição dos remédios receitados pelos médicos não era feita sem autorização dos mesmos, só em casos extremo. Hoje isso acontece mais, tem os genéricos, e os médicos de modo geral, dão o nome de outros para ser substituído, para o cliente comprar o mais barato.

De mais ou menos 90 para cá voltaram a serem usados novamente os remédios preparados nas farmácias. Que ficam mais baratos, e segundo dizem, a maioria deles são feitos com produtos da natureza. Não tendo quase contra indicação. Hoje já tem farmácias especializadas somente na produção de produtos manipulados. Que são novamente receitados pelos médicos.

Os produtos populares, agora já não são mais vendidos em saquinhos ou vidrinhos. São mais higienizadas, vendidos em cápsulas, como o Sene.

O mais famoso produto popular que era vendido em vidrinhos antigamente. Tirado de planta nativa do Brasil, que tem até nesta da região. Planta popular de nome de Copaíba. Da qual se extrai um óleo, o Óleo de Copaíba, um antibiotico e antiinflamatório. Produto natural retirado do caule desta já referida planta. Catalogada cientificamente com o nome de C. Reticulata Dunke. Que nos foi presenteado pelos índios, Incas Mais e outros, com certeza, através dos seus pajés. Eles já utilizavam este bálsamo quando o Brasil foi descoberto. E diziam ser ele um verdadeiro tesouro dos deuses. Chamado de Óleo da Vida. Este óleo é comercializado hoje com grande sucesso nos Estados Unidos e na Europa, assim como no Brasil. Não mais em vidrinho, mas em cápsulas, por outros motivos e também, para ficar mais fácil para tomar, pelo seu péssimo sabor.

Esse óleo, o óleo de Copaíba, é o mais poderoso antibiótico natural do mundo.