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Quarta-Feira,17 de Dezembro

Família

Jornal O Norte
Publicado em 07/01/2013 às 22:24.Atualizado em 15/11/2021 às 16:55.

Por- Dom José Alberto Moura



Hoje se questiona a família e quer-se fazê-la do tipo da conveniência e até da situação de cada um. Fala-se até de 20 tipos. Talvez sejam até mais, dependente do enfoque sobre o que se entende o ser e o significado da família. Esta, feita com as pessoas e o ideal inerente à natureza criada por Deus, não é uma roda a se inventar ao bel prazer. A comunhão de vida de pessoas as faz unir, de corpo e alma no entrelaçamento do amor humano com o divino para, juntas, atingirem um objetivo realizador da vida. Torna-as comprometidas com o matrimônio, colaborando com a felicidade de uma e outra e, não menos, com o bem amplo dos filhos, para uma vida de sentido, na missão familiar. Sem a base de sustentação do amor humano na perspectiva do divino se corrói a base da existência e sustentação da família.



A família de Nazaré chama atenção para o valor da natureza do matrimônio. Sem um ideal pautado no amor, entrelaçado na ternura humana e na divina, com o objetivo de construção de um ideal de serviço especial à humanidade, não se daria a união matrimonial com verdadeiro enfoque familiar. As virtudes daí emanadas conotam sua consistência com reflexos positivos para todos: “Por isso, Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos mutuamente se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros” (Colossenses 3, 12-14).



Não se trata de colocação de um ideal inatingível para uma família autenticamente humana. Trata-se de se colocarem as bases adequadas para um amor humano consistente e orientado pelo sentido da vida matrimonial autenticamente realizador para seus membros. Sem se colocar o alicerce próprio não adianta construir uma casa. Sua ruína poderá acontecer logo. Ninguém quer fazer um edifício para ver logo sua ruína. Está na moda o fazerem as relações humanas com o sentido da provisoriedade e da influência de mentalidade pagã e hedonista. Mas é preciso ter-se em mente a necessidade de se colocarem os ingredientes oportunos para se atingir a finalidade do empreendimento ou da construção do lar. Não se deve apelar para a liberdade de se fazer o que se quer com os instintos e as afeições humanas. Se não forem orientados devidamente, podem trair a felicidade duradoura, conquistada com o melhor encaminhamento para o sentido do matrimônio. Não se pode esquecer que o matrimônio tem em seu conteúdo a realização do casal com a


sabedoria da procriação com amor e zelo pela educação dos filhos. Isso parece um sacrifício oneroso para os pais. Mas é verdadeira gratificação quando eles são olhados como verdadeira missão de geração para a vida digna. Quem não tem o sentido da missão do matrimônio vê dificuldade a ser evitada em tudo. Não tem, porém, a satisfação de perceber sua generosidade em dar frutos na realidade dos filhos.



A missão da família nascida e desenvolvida com parâmetros de alteridade e ideal dá gratificação a quem a constitui por um lampejo forte de quem ama com a consistência de profundidade humana para servir a causa do bem social. Torna-se como luz a indicar o caminhar da nova sociedade, plenificada de amor, ternura, compreensão e harmonia. No humano, então, vem inoculado o divino, como o próprio Jesus presente na família de Nazaré e em toda a família humana.



* Arcebispo metropolitano de Montes Claros. É presidente do Regional Leste II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para o quadriênio 2011-2015.

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