Faltou a vaca

Jornal O Norte
Publicado em 07/07/2010 às 11:06.Atualizado em 15/11/2021 às 06:32.

José Wilson Santos


zewilsonsantos@hotmail.com



Doutor Dunga convocou mal pacas, não se pode negar. Não chamou nomes compatíveis com a empreitada. Pra uma cagada desse tamanho, a Vaca do Tabajara Futebol Clube não poderia ter ficado de fora. E não me venham com essa estória de que o trem foi só uma partida de futebol. Se era só isso, então porque não foram eles que perderam?



Não se trata aqui de chutar cachorro morto, índio velho. É só uma maneira mal-humorada de lembrar que convocar é a arte de compor elencos. Fazer disso unicamente a oportunidade de trazermos os que gostamos e darmos um bico nos outros, é boa parte do caminho andado para vexames como esse. A seleção precisa ter a marca da competência, não do gosto pessoal.



Precisa também fazer ouvidos de mercado pro doutor Galvão. De tanto ele berrar que temos os melhores do mundo, que somos temidos, respeitados, que todos amarelam diante de nossa camisa e do nosso futebol, os brasileiros parecem entrar em campo convencidos da silva de que não há motivos para preocupações, que há qualquer momento vão lá e pimba, marcam os gols e ganham.



O trem não é assim, é claro. Esta foi uma copa de japonês no que diz respeito à semelhança do futebol praticado. Portanto, dizer que a Holanda bateu um bolão melhor que o do Brasil, que apresentou futebol de altíssima categoria e por isso nos surpreendeu e ganhou, é de fazer rir. A laranja mecânica se superou em determinação e vontade; nós sobramos em displicência e apatia, como depois explicou o doutor Robinho, banho tomado, desodorante passado, pronto pra voltar aos trópicos.   



Pessoalmente, torço o nariz para time com constelação. Exemplos de que o excesso de estrelas atrapalha mais que ajuda, não faltam.



Também não vejo com bons olhos seleção à base de estrangeiros, que costumam só jogar bem em seus times, e por uma razão simpleszinha: lá é trabalho. Quem não corresponder, tá fora. Para eles, a seleção é só uma oportunidade de ganhar uns trocados com premiação.



Acho também que o cara tem que ser muito mané para convocar apenas jogadores com características parecidas. Vide o caso do ex. Quando doutor Dunga precisou mexer no time, trocou seis por meia dúzia e não mudou o modus operandi do escrete canarinho. Quando pouco, Dunga deveria ter ouvido o mestre Neco Santa Maria, cuja filosofia política se enquadraria perfeitamente à seleção: “Se a gente ganhar, ó nós neles; mas se eles ganharem, ó eles na gente”.



Putzgrilo! Eles na gente é ruim pra caramba. Portanto, o negócio é ganhar.



Mas isso é passado. O negócio agora é o futuro. 2014 está chegando e trazendo com ele o fantasma do Maracanã, que virá assombroso pra dedéu, já que o Paraguai passou às semifinais e é hoje o único representante latino-americano na peleja.



Já que não posso me indicar para técnico da seleção, indico um sujeito da maior competência: doutor Bernardinho, que ora dirige vitoriosamente a seleção masculina de vôlei, depois de trabalhar com o mesmo esquema vitorioso na seleção feminina. E venhamos e convenhamos: manter a concentração e ganhar em meio àqueles mulherões tem que ser muito técnico.



Ademais, doutor Bernardinho deu dois exemplos de como formar o time: 1) - só convocou o próprio filho Bernardinho, depois que ele estava pronto de fato para a posição de levantador; 2) - está convocando de novo o ex-titular da posição, o Ricardinho, o melhor do mundo, depois de quase saírem no braço e o rapaz ser desligado do grupo por insubordinação. Porque o que importa é a equipe ganhar os títulos como vem ganhando.



Falei e disse?

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