*Eduardo Costa
Estou cada segundo mais seguro de que a maioria de nossos problemas não é resolvida por falta de coragem. E tenho convicção, já repetida irritantemente neste espaço, de que o fato de termos eleições ano sim, ano não, no Brasil, cria um imobilismo que arrebenta com a gestão do que é público e mina a nossa paciência. Vejamos o caso do serviço de táxi na região metropolitana de Belo Horizonte. Ontem, houve mais uma reunião na Assembleia Legislativa e, de novo, com a marca do pensamento pequeno, da solução caseira, do jeitinho brasileiro. Os taxistas de Betim pediram e o deputado Ivair Nogueira promoveu discussão sobre possível integração dos táxis daquele município com os da capital. Não há qualquer sentido de solidariedade ou parceira; o problema é que taxistas contratados por profissionais de grandes empresas, como Fiat e Petrobrás, vão levar os executivos e, na volta, pegam clientes de Betim. Os taxistas de lá querem a reciprocidade, o direito de também rodar em Belo Horizonte.
Os taxistas de Betim não estão errados. Cabe a nós convocá-los para pensar grande. Como? Ora, se querem rodar em Belo Horizonte, é preciso se conscientizar de que terão de receber os da capital, mas, também, os de Igarapé, Mateus Leme, Juatuba, enfim, de toda a Grande BH. Precisamos fazer uma nova abordagem do assunto, sem paixões e interesses pequenos, eleitoreiros. Precisamos explicar para as pessoas que o lixo de Belo Horizonte vai para Sabará, os presos de Pedro Leopoldo vão para Contagem, a água de Lagoa Santa é coletada em Rio Manso, enfim, alguém – de preferência com autoridade para tal – tem de explicar que os entes federados do Brasil não são mais três – União, Estados e Municípios - mas, quatro, incluindo, naturalmente a região metropolitana. Ou alguém saberia precisar, hoje, quando termina Contagem e começa Betim; termina Vespasiano e começa Confins?
Não dá mais para vivermos essa fraqueza institucional, de um cidadão que viaja não poder escolher quem vai buscá-lo quando regressar pelo nosso aeroporto internacional. É ridículo o fiscal do DER encher um taxista de perguntas para saber se a passageira é ou não a sogra dele. E, como é da nossa natureza olharmos sempre para o nosso umbigo, temos de ter governo para tomar decisões nesta hora. Fosse eu o governador do Estado, editaria imediatamente um decreto, cujo teor seria mais ou menos o seguinte:
Artigo 1°- Considerando a conurbação das cidades, que praticamente acaba com os limites de municípios e, sobretudo, no interesse de 5,5 milhões de habitantes da Grande BH, fica criado o táxi metropolitano, que poderá circular livremente pelos 34 municípios da região;
Artigo 2º - Esse decreto entra em vigor num prazo de 30 dias para que as administrações municipais informem ao DER que os permissionários atuais serão os únicos a incorporarem o novo sistema, para evitar inchaço;
Artigo 3°- Cumpra-se, em homenagem ao óbvio.