Eu voto Não

Jornal O Norte
07/10/2005 às 09:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52




Fernando Abreu





Você já pensou bem em qual opção vai votar no referendo do próximo dia 23? Creio que grande parte da população ainda não tem uma opinião formada, ou então é a favor do Sim, mesmo sem saber de nada a respeito do assunto. Há tempos, fala-se desse tal referendo, mas somente agora a mídia toma partido.




A revista Veja da semana passada esclarece muitas dúvidas e assume de uma vez a campanha pelo Não. Corretíssimo. A começar pela pergunta completamente tendenciosa, com palavras de forte conteúdo emocional como armas de fogo e proibido, o eleitor não pensa nem uma vez em responder sim. Se a pergunta fosse outra, como propõe a revista – O estado brasileiro pode tirar das pessoas o direito de possuir uma arma de fogo? – os cidadãos comuns, em sua maioria iletrados, teriam pelo menos tempo para pensar, refletir. Mas fica parecendo que o tal referendo é uma disputa entre pessoas de índole pacífica (os antiarmas), e os belicosos (pró-armas), o que não é verdade.




Nunca tive a intenção de ter uma arma de fogo. Até pouco tempo nunca havia visto nem pegado em uma, e tinha opinião de votar pelo desarmamento, mesmo com toda desinformação. Conversando com um amigo da Polícia Civil, ele alertou-me para os perigos do desarmamento da população e suas conseqüências. O que poderá vir a acontecer? Sem dúvida alguma, mesmo com a vitória do Sim, a violência no Brasil não irá acabar nem diminuir, o que vai acontecer é um aumento alarmante do contrabando de armas, do comércio clandestino.




Não quero ser pessimista, mas violência e criminalidade não acabam por decreto e o que o Estado está fazendo é perda de tempo e dinheiro. Você sabia que serão gastos mais de 500 milhões de reais com toda essa brincadeira? Dinheiro que poderia ser aplicado em outras coisas. E que a experiência em outros países mostra que não há relação direta entre proibição de armas e as taxas de homicídios? – Revista Veja / 05 de outubro 2005 – páginas 76 a 88.




Somente 1,4% da população brasileira, segundo a Veja, possui armas, o que equivale a 2,5 milhões de armas, enquanto existem 8 milhões ilegais nas mãos de bandidos. Um bandido sabendo que uma família não possui armas de fogo em casa, não se sentiriam mais seguros em invadi-la, mesmo com os proprietários dentro, o que potencializaria a violência dos assaltos?




Bandidos não compram armas em lojas. E mesmo para quem quiser comprar uma, o rigor deve ser mantido, restrições mais severas quanto a compra e a posse, como foi aprovado no Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003. Mas todo o cidadão tem o direito de se defender. Faz parte da democracia. E tirando nosso direito a democracia sai arranhada, ferida.




O desarmamento da população é historicamente pilar do totalitarismo. Hitler, Stalin, Fidel Castro e Mussolini estão entre os que proibiram o povo de possuir armas. Não é desarmando a população que vamos ter paz, que a violência será erradicada. A verdadeira raiz do problema não está sendo atacada. Temos a justiça, a polícia, e o Estado fracos, corruptos e desestruturados. O Estado não combate a causa e nem tem vontade, porque, se tivesse o faria. Todo esse estardalhaço envolvendo o referendo nada mais é do que uma tentativa de desviar a atenção da mídia e da própria população de outros problemas mais graves.




Portanto, vote NÃO ao desarmamento da população. Não podemos ficar à mercê de bandidos com poder beligerante cada dia mais avançado. Diga NÃO à tentativa do Estado em ferir a democracia. Não deixe de comparecer e diga NÃO ao referendo do dia 23.

 

fernandoabreu@bemnanet.com.br







 

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