*Cláudia Gabriel
Olho no espelho e não me reconheço. Quanto mais olho, mais loura eu me acho. E nem é tanta “lourice” assim... Um tom caramelo, talvez. Mas, há dois dias, estranho essa pessoa que me encara. Não foi culpa do meu cabeleireiro, sempre muito competente. Foi exatamente a cor que eu havia pedido, algo próximo do mel. O problema é que eu queria mudar, mas não estava preparada para a novidade.
Se isso lembra uma situação parecida na sua vida, podemos conversar. A gente faz discurso de que é preciso ter coragem para se reinventar, mas, na prática, dá aquele medo de mudar pra pior, de mexer em time que está ganhando e sair perdendo. E isso vale pra tudo, não apenas para as aparências. Aliás, quanto mais profunda a mudança, maior o risco.
Signo de terra que sou, confesso que gosto bem de uma rotina. Ah, é um conforto... Mas, em pleno inferno astral, aniversário batendo à porta, deu aquela vontade de ter algo novo. A última grande mudança na minha vida foi há quase 6 anos, quando pedi demissão de uma empresa porque estava infeliz com o trabalho. No início do ano, troquei o carro, mas foi um prazer passageiro. O apartamento é o mesmo... Bom, então, já que não tenho nenhum grande desejo de reviravolta, apelei para o visual.
Adorei o corte! Mas sinto que a cor ainda não me convenceu. Não é que tenha achado feia, não. Só não sei se combina com minha alma morena. É claro que sempre existe a possibilidade de escurecer de novo. As tintas estão aí pra realizar nossos pedidos de “camaleoa”.
O desafio é este: se a gente não consegue, sequer, se acostumar a uma nova cor de cabelo, como se adaptar às oscilações de humor das pessoas do nosso convívio? Como aceitar que os outros têm visões diferentes? Como viajar, sem se estressar com os imprevistos? Como trabalhar sem se sentir contrariada em algum momento?
Pois é, meu tom castanho claro já está me ensinando... Uma vida em linha reta é muito sem graça. No fundo, o medo de mudar é o medo de se expor, de chamar a atenção sobre você, de receber críticas, ou uma grande vontade de ter tudo sempre sob controle. E isso é tão cansativo...
Uma boa lição pra minha semana. Estando ou não preparada, é melhor mudar e depois me adaptar. Vamos começar pelas mudanças fáceis e fúteis - a cor do esmalte, um estilo diferente, uma peça que nunca tivemos a ousadia de usar ou, como no meu caso, pela cor do cabelo. É um treinamento para as mudanças maiores, que podem atropelar quem fica parado demais...