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Domingo,21 de Dezembro

Eu, as Festas de agosto e o amor aos Caboclinhos

Por Alexsandro Leite

Jornal O Norte
Publicado em 28/08/2013 às 08:36.Atualizado em 15/11/2021 às 17:10.

Por Alexsandro Leite

Festas de Agosto para mim tem cheiro de saudade, gosto de infância, o sabor dos ventos que agitam as cores das fitas e do aperto nas ruas centrais de Montes Claros pra ver os cortejos passarem, o brilho dos fogos na hora do mastro, a delícia das comidas típicas ao som das apresentações regionais e a confirmação da fé nas celebrações católicas.

Desde criança acompanhei estes significativos símbolos e valores, às vezes sozinho, pois meu pai trabalhava em um barzinho nos fundos da matriz e o menino percorria o centro da cidade encantado pelo batuque dos catopês, louco pra ter um capacete com fitas coloridas, feito nas aulas do Grupo Escolar Dom João Pimenta.

Assim me sentia pertencente à festa que até hoje aguardo o ano inteiro e vivo intensamente cada momento, doido pra não chegar o domingo com o cortejo final e o encerramento da festa.

O menino cresceu e ao iniciar a vida profissional, Dona Jacy, esposa do Saudoso prefeito Dr. Mário Ribeiro me presenteou ao convidar-me a fazer parte dos trabalhos nos centros de convívio, onde conheci o Terno dos Caboclinhos.

O carinho e simpatia pelo grupo tornaram-se evidentes desde o início das minhas atividades com os mesmos, quando comandados pelo Mestre Poló, que tinha na maioria dos representantes seus filhos, sobrinhos e vizinhos, na maior parte deles, nossos alunos no centro de convívio que atuei por mais de 15 anos na região do grande Renascença, região onde residem até hoje. Lá usavam o espaço para ensaio e nos presenteavam com apresentações exclusivas da trança do cipó e da fita que causavam encanto e empolgação a todos.

Apreciar o trabalho dos caboclinhos é ver a cultura local ser exaltada e sustentada com bravura e resistência de um grupo que muitas vezes sem apoio ou respaldo da sociedade, seguram firmes o propósito daquele que sempre manteve viva a tradição do terno, o Sr. Joaquim Poló.

As músicas marcantes e as vozes infantis entoadas de maneira pontual perduram durante todo o ano, quando me pego cantarolando “Viva o Divino, meu Santim querido, ele e seus milagres, que tem nos valido...” o que causa um sentimento bom e que se transforma em arrepio e sensação de prazer ao segui-los pelas ruas em agosto durante a preciosa missão de sustentar a cultura local. Mas dá um aperto no peito quando ouvimos “Adeus, adeus. Não chores não. Para o ano eu voltarei. Pra cumprir nova missão!”

Acompanhar o cortejo, colaborar, apoiá-los e defendê-los é o meu desejo e na medida do possível a minha missão e prazer, pois falar dos Caboclinhos é acreditar na cultura popular, é a manutenção de um ideal, é a concretização de um sonho e um trabalho de fé e dedicação perpetuado pelas crianças (maioria dos envolvidos) e a certeza de que com isso esta festa perdure.

Festa marcante para a minha vida e que tento contagiar amigos e familiares para que a tradição não vá para os livros e registros como apenas fontes para pesquisadores e sim seja vivenciada a cada ano por muitas gerações!

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