“Estou com medo do medo que vejo”

Por Eduardo Costa

Jornal O Norte
Publicado em 30/07/2013 às 08:53.Atualizado em 15/11/2021 às 17:07.

Por Eduardo Costa


Só ouso passar adiante notícias assustadoras depois de me assegurar serem elas também preocupação de outros. E, preciso dizer, o medo está no ar. Vivemos um momento único em que a polícia está assistindo, os vândalos tomam conta das praças e quem paga imposto se sente desprotegido. Tudo aquilo que vivenciamos durante as manifestações de junho voltou agora na comemoração do título pelos atleticanos, felizmente em menor escala.

Depois da explosão de alegria no Mineirão, milhares foram para a Praça 7, numa reação absolutamente normal e saudável. Já na manhã de quinta-feira, ficaram alguns mais empolgados e, principalmente, outros que não pensam duas vezes para transformar comemoração em depredação.

Um exemplo é a Sandra, cuja banca – assaltada, recentemente, duas vezes – foi semidestruída, causando-lhe um prejuízo de R$ 10 mil. Pior mesmo era a postura dos policiais militares, acossados e simples observadores a partir de um ponto da avenida Amazonas, deixando o pirulito e a praça por conta dos “manifestantes” – não mais que uns 60 – interditando o tráfego ali por todo o dia. Isso numa cidade já mutilada no tráfego com as obras do BRT e a falta de pulso das autoridades do trânsito.

Na Avenida Antônio Carlos, Hélio Ramos, proprietário de uma loja que comercializa escadas, vítima dos marginais que devastaram muitos estabelecimentos no mês passado, recebeu mais uma notícia ruim. Depois que quebraram as portas, roubaram escadas, computadores e dinheiro, os vândalos danificaram o carro importado dele. Agora, a seguradora diz que não vai pagar. Mais R$ 32 mil de prejuízo. Quem aguenta?

Então, quero dividir com você não o meu medo, que começou três décadas atrás, quando mudei de casa para apartamento, continuou no começo desse ano quando troquei a casa de campo de Igarapé por um condomínio mais fechado em Nova Lima. Eu falo é do medo que vejo no olhar dos outros, sejam eles comerciantes da Afonso Pena ou da Antonio Carlos ou simplesmente torcedores que foram ao Mineirão na última quarta-feira e se sentiram desprotegidos antes e depois do jogo. A sensação é a de que os bárbaros estão soltos e a nossa polícia – entre acuada, ameaçada por comissões de direitos humanos e promotores de um lado e chefes fracos do outro – decidiu só assistir.

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