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Quarta-Feira,17 de Dezembro

Entre a música e a alma

Por Cláudia Gabriel

Jornal O Norte
Publicado em 25/10/2013 às 08:53.Atualizado em 15/11/2021 às 17:13.

*Cláudia Gabriel

Eu estava a caminho de casa, num dia de chuva, e o trânsito parou mais uma vez. Impaciente, olhei pela janela. Sempre que quero me distrair, observo pessoas e tento imaginar como é a vida que elas encenam por aí. Quem me conhece sabe que sou viciada em música. E lá estava o som, reproduzindo mecanicamente mais uma sequência. De repente, a Cesaria Evora começa a cantar com aquele vozeirão que dá arrepios de tão bonito que é. E a canção era Besame Mucho! Parecia que ela dava um show, única e exclusivamente pra mim e para o dia chuvoso. Não pela letra, que é romântica demais, mas pela melodia chorosa, molhada como a cidade naquele momento. Confesso que me deu um nó na garganta porque a trilha sonora era perfeita para o filme que estava na minha cabeça.

Uma amiga viveu uma cena parecida quando se emocionou com um grupo que se apresentava num supermercado. É... A música tem essa magia. Muitas vezes, cordas bem tocadas mexem com a alma. Um violino, com toda aquela suavidade, abala você por dentro como se algo saísse do lugar. Se o som é meio triste ou dá saudade, tarde demais. Quando você percebe, o estrago está feito. Nunca vou esquecer a sensação de ouvir, pela primeira vez, os Noturnos de Chopin. Eu tinha pouco mais de 20 anos e, na idade em que me achava tão dona do mundo, não consegui entender por que aqueles acordes melancólicos insistiam em me dizer o contrário. Sabe-se lá o que inspira um compositor...

A música pode acompanhar a alegria também. Como naqueles dias felizes em que você quer sair dançando pela casa porque está vivendo algo muito bom. Ou quando se prepara para uma saída e escolhe o ritmo que quer seguir. Sei que muita gente torce o nariz, mas, pra mim, a energia de uma noite de samba é imbatível.  

Como gostos e estados de humor variam muito, um site na internet - www.stereomood.com - tem uma lista de canções para combinar com o espírito de cada momento. Para um dia de sol ou de raiva, para relaxar ou para acordar, para as horas de namoro e até para um jantar com amigos! Interessante imaginar como foram feitas essas seleções, já que o jeito de sentir é sempre muito pessoal. O mais divertido da experiência é tentar descobrir qual a dose musical prescrita para o seu tratamento psicológico. E não dá pra ignorar a possibilidade de efeitos colaterais e de erro no diagnóstico. Sim, porque a canção certa nem sempre é a que produz mais harmonia. Quando você menos espera, vem a dissonância, uma surpresa que pode mudar radicalmente o tom da vida.

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