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Segunda-Feira,22 de Dezembro

Engels defende-se, e a Marx

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 11/12/2013 às 05:01.Atualizado em 15/11/2021 às 17:16.

* Manoel Hygino

Comemorou-se, há pouco, o Dia da Consciência Negra, em minha opinião, não muito consentânea com a época em que vivemos. Já Marx, defendendo a tese de que a história seja manifestação de um só fator determinante, ou seja, o econômico, e do homo de oeconomicus , a firmava:

“O conjunto de relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real, sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política, a que correspondem formas de consciência sociais determinadas. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina a realidade: é, pelo contrário, a realidade social que determina a consciência”.

Não é o que pensa Oíliam José, em seu excelente “O negro na economia mineira”. Para o historiador mineiro, Marx, em verdade, inverte a posição do que seria causa e do que seria efeito. Os fatos cotidianos, segundo Oíliam, confirmam que a vida social, política e econômica em geral, condiciona o modo da produção material. A existência e o desenvolvimento dessa está na dependência direta dos fatos sociais, do tipo de cultura existente, do sistema político vigente e das concepções econômicas e religiosas”.

Oportuno, pois, trazer a conhecimento o teor da carta de 1890, de Engels a Joseph Bloch, incluída na “Economie Politique”, de A. Marchal e R. Barre. É pelo menos curiosa a declaração peremptória do sociólogo alemão, amigo de Marx e responsável, por sinal, pela edição do segundo e terceiro volumes de “O Capital”.

Engels é claro: “Marx e eu somos, parcialmente, responsáveis de se ter atribuído, às vezes, ao elemento econômico, maior importância do que aquele que de fato merece. Segundo a concepção materialista da história, o fato que em última instância determina a história, é a produção e a reprodução da vida real. Nem Marx, nem eu, nada mais afirmamos. Mas se nos atribuem o haver dito que o fator econômico é o único determinante; então a primeira proposição transforma-se numa frase oca, abstrata, absurda. A situação econômica é a base, mas os diferentes fatores da superestrutura exercem igualmente sua influência no curso das lutas históricas, determinando-lhes as formas, em muitos casos de modo preponderante”.

Participo da opinião de Oíliam José. Mesmo se admitindo que Marx não tenha ensinado o absoluto predomínio econômico, é incontestável que se mostrou radical na apresentação de seu ideário político e filosófico. Quanto à Consciência Negra, que constituía escopo deste comentário, fica para depois.

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