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Sábado,20 de Dezembro

Enfim, o que é revolução?

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 16/08/2013 às 08:45.Atualizado em 15/11/2021 às 17:09.

Por Manoel Hygino


Flausino Valle foi um grande violinista, compositor, professor de música, diretor do Conservatório Mineiro, que funcionava no belo prédio da avenida Afonso Pena, em frente ao Palácio das Artes. Fui ouvi-lo, muitas vezes, no exercício do seu sublime ofício e me deliciava com suas interpretações.

Seu filho, nascido em Belo Horizonte, Huascar Rodrigues Terra do Valle, tem a minha idade, formou-se em Direito e é um estudioso dos problemas que afetam todos os homens, mas com os quais eles mesmos não se importam. Seu “Tratado de teologia profana” é livro para ser lido e meditado, sem prévios julgamentos ou preconceitos. Editado em São Paulo, revela a posição do autor diante de valores como o bem e o mal, a religião e a ciência, procurando respostas sobre o mundo real, decifrando as últimas questões sobre Deus, o homem e o universo.

A um capítulo dá o título de “Mundo-Cão”, em que examina a questão das castas, que existem em todos os países, com variadas denominações e graus de transparência. As divisões persistem e são em nosso tempo e em nosso país tão marcantes como em outras épocas e povos. A injustiça social não foi vencida, antes prospera.

Huascar recorda que, na França antes da Revolução, existiam três classes: o primeiro estado, formado pelo rei e nobreza, como grão-duques, arqueduques, duques, marqueses, condes, viscondes, barões e baronetes. O segundo estado era constituído pelo clero. O terceiro era o resto, ou seja, o povo, a população trabalhadora. Lá e então, os impostos sempre crescentes sustentavam o primeiro e o segundo estados, que não pagavam tributos e viviam em pândega permanente, à custa dos escorchados, pobres e oprimidos.

A começar o levante, o soberano, Luiz XVI, estava flanando na caça às raposas. Quando alguém lhe informou que a revolução eclodira, ele ficou curioso: “O que é revolução?”. Para Huascar, o rei só aprenderia o significado da palavra quando sua cabeça rolou na guilhotina, caindo no cesto repleto de outras.

Maria Antonieta era símbolo de sua casta. Quando o povaréu, armado de paus, enxadas e picaretas, passou pelo castelo real, ela desejou saber o que aquela gente queria. A resposta veio incisiva: “Majestade, eles querem pão”. Ao que a rainha retrucou: “Se não têm pão, por que não comem brioches?”

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