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Sexta-Feira,18 de Outubro

E agora, quem poderá nos defender?

Jornal O Norte
10/07/2006 às 12:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:39

Fernando Abreu *

Perdemos a copa do mundo. Também, o técnico Parreira e os jogadores se sentiam mais celebridades do que jogadores de futebol... Os treinos, se é que houve, foram transformados em shows para os milhares de torcedores ávidos em ver o melhor futebol do mundo. Reles ilusão! Perdemos para uma seleção de craques de verdade, a do melhor jogador do mundo, Zidane, que jogou mais do que apareceu. O contrário dos nossos jogadores, ou seja, dos nossos astros da publicidade. Quem se importa com futebol, com a torcida, se milhões de dólares entram em suas contas a todo instante?

É, estamos mal de ídolos. E agora? Em quem poderemos confiar?

Como diz o professor Antônio Álvares da Silva, o homem, para viver, constrói mitos. A eles transferem os valores que constituem o ideal da vida. Todas as nossas imperfeições, limitações, frustrações e angústias são remetidas a um ser ideal, que seria capaz de superá-las, tornando-se referência da felicidade humana. E o esporte é um dos mitos para os povos subdesenvolvidos. Como disse o jogador francês, Henry, os brasileiros jogam bem futebol porque não estudam. Para nós o futebol exerce o ideal mitológico. É o único meio pelo qual destacamos, ou melhor, destacávamos como os melhores do mundo. E agora? Quem serão nossos mitos? Os políticos, nossos legítimos representantes? Estamos longe, muito longe disso. O que acontece no Brasil e em nossa região é de se esconder de vergonha. Nós, pobres mortais, por que eles... Não estão nem aí. Em Montes Claros, oito vereadores e um suplente foram presos pela polícia federal, acusados de peculato, formação de quadrilha e desvio de verbas. Juntos, podem pegar até 31 anos de cadeia, por terem usurpado cerca de 150 mil reais. Só que todos nós já sabemos o que vai acontecer, não é? Aliás, ontem eles foram liberados.

Enquanto isso só nos resta divertir na exposição agropecuária, a maior festa do Norte mineiro, segundo os organizadores. Mas com o salgado preço de R$ 20,00 a entrada, o parque segue vazio, bem longe dos bons tempos em que ficava praticamente lotado. Hoje, o que se vê são poucos gatos pingados exibindo suas jaquetas e casacos, guardados há anos a espera do tão distante frio. Nem a estonteante Joelma da banda Calipso, conseguiu levar o público ao parque. Pelo menos me lembrei da minha amiga, Cinara Dreide. A Joelma é Cínara em pessoa. Aliás, por onde anda esta menina?

Mas, voltando ao assunto dos mitos e ídolos, em quem vamos nos espelhar agora que já não temos futebol? Fico com o Foguinho, da novela global Cobras & Lagartos, o Macunaíma pós-moderno, o anti-herói brasileiro, sem caráter, que passa a perna em todo mundo, esbanja dinheiro dos outros e sonha em ser rico. Que brasileiro não desejaria ter a vida do Foguinho? Pelo menos nos faz rir, ao contrário da seleção do Parreira e dos Ronaldos, o gaúcho e o gorducho, que só nos fizeram chorar.

Procura-se um ídolo desesperadamente, menos jogador de futebol metido a astro da publicidade. Bem feito para o Brasil, que prefere ver seus garotos nos gramados, jogando bola a vê-los nos bancos da escola.

* Jornalista

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