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Sábado,28 de Dezembro

Doidona psicodélica, a barraca-modelo dos nostálgicos porres da Exposição

Jornal O Norte
Publicado em 27/07/2010 às 10:33.Atualizado em 15/11/2021 às 06:34.

Haroldo Costa Tourinho Filho


ha-tour@hotmail.com


 


Corria o ano de 1968. Aproximava-se o evento mais importante e concorrido do calendário golefestivo de Moc: Exposição Agropecuária. Férias de julho!, ardentemente aguardadas pelos estudantes locais e pelos que residiam fora. Estes acorriam em massa e ainda traziam primos e amigos à então pequena urbe de 70.000 habitantes. As casas se enchiam de colchões e travesseiros para acomodar toda aquela gente. Àqueles que não podiam contar com a nossa reconhecida hospitalidade restavam três razoáveis hotéis: São José, São Luiz e Santa Cruz, o único sobrevivente. Os imprevidentes ou de poucos recursos aboletavam-se em sofríveis pensões familiares espalhadas pelo Centro da cidade.



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Bianual, o evento durava apenas quatro dias. Paralelamente à mostra no parque, o Automóvel Clube realizava quatro grandes bailes. Suas duzentas de mesas tornavam-se insuficientes para todos que pretendiam deles participar. Resultado: muita gente de pé nas varandas, nas mesas da pérgula da antiga piscina ou no restaurante.



Festas memoráveis, com shows de alto gabarito: Roberto Carlos, Elis Regina, The Jordans, Renato e Seus Blue Caps, Moacir Franco, Agnaldo Rayol, Vanuza, Jair Rodrigues, Ronnie Von, Wanderleia, comediantes como José Vasconcelos e Zé Trindade, vedetes, todos pisaram aquele palco.



Ponto negativo, vexatório, as brigas que não raro se estendiam pelo salão. Deixavam péssima impressão nos visitantes. Brigava-se por dá-cá-aquela-palha: um olhar enviesado para uma mulher casada, uma brincadeira qualquer com a namorada de outrem... Felizmente não se matava ninguém. A contenda resolvia-se no tapa, socos, pontapés, pescoções, garrafadas e cadeiradas. Não há registro de armas de fogo ou brancas. Credite-se ao excesso de álcool tais manifestações de barbárie.



O parque de exposições João Alencar Athayde, àquela época, constituía-se do pavilhão central, como ainda hoje, do cercado onde acontecem os rodeios, alguns currais e banheiros. Filas imensas para um simples xixi. Carga mais pesada ninguém se atrevia a descarregar. Senhoras da sociedade dirigiam-se aos banheiros dos escritórios da Rural. O resto era pó, terra batida e, com a água lançada pelos caminhões-pipa, lama.



João Avelino se lembra de ali ter ouvido, pelos alto-falantes do tipo corneta, a irradiação de um dos jogos da Copa do Mundo de 1958, na Suécia. A TV só viria quase duas décadas depois.



Os rodeios, animadíssimos, com os locutores botando fogo na assistência:



- Vai, vai, cutuca nego duro/image/image.jpg?f=3x2&w=300&q=0.3"premiados" tomariam conta da barraca, fariam a faxina e lavariam toda a louça e panelas, dois deles por noite. Os demais - dois por dia - renderiam a guarda, às 8 da manhã!, e ficariam por lá aguardando os fornecedores de bebida, gelo, cigarros, carne etc. Raimundo Neto, tesoureiro, fora excluído do sorteio, pois sua tarefa não era das mais fáceis. Fiquei no segundo grupo e quando chegamos direto do parque para render a guarda, Paulinho e eu ficamos estupefatos: Reinaldinho e Grego haviam ingerido nada menos do que 32 cervejas na noite anterior... Mas estavam sóbrios e só queriam dormir.



Enfim, feito o balanço, a Doidona Psicodélica foi um enorme sucesso. Não deu lucro nem prejuízo. A rigor, deu lucro - e como! -, se computado o consumo dos seus 17 sócios, músicos, alguns amigos e colaboradores.



Parabéns a todos!

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