Ruy Muniz
Mais que apenas uma data em que se comemora os 150 anos de emancipação política de Montes Claros, o dia de hoje bem que poderia servir como um marco, um divisor de águas entre este e o próximo século e meio que nos espera. E que seja o futuro ainda mais próspero e proveitoso. Nossa história, neste seu primeiro longo capítulo que se encerra, mesmo cheia de conquistas e avanços foi marcada, com raras exceções, pelo atraso provocado pelo domínio imposto por oligarquias, grupos políticos e coronéis que impediram, ao longo do tempo, que nossa cidade fosse ainda melhor. A vontade e o interesse de poucos, ao longo destes anos, se sobrepôs à vontade e ao interesse da grande maioria dos montesclarenses, que quase sempre foram vítimas inocentes de idéias e métodos antigos e ultrapassados. É impossível calcular o quanto, ao longo destes 150 anos e mesmo em tempos mais recentes, o nosso povo perdeu e deixou de progredir por ser vítima de líderes inescrupulosos, de políticos arcaicos que ao adotarem a postura de "passar pra trás", impediram Montes Claros de "passar à frente".
Mentiras, falsas promessas e discursos bonitos quase sempre foram transformados, na prática, depois de vencidas as eleições, em poder que sobe à cabeça e traz consigo o ódio, a perseguição e principalmente o desinteresse e a incapacidade em suprir as necessidades de quem os levou ao poder. E tome mais uma decepção!
Mas será que, até acertarmos, vamos precisar errar por mais 150 anos? Mais um século e meio suportando injustiças cometidas contra nossa cidade? Convivendo com líderes que olham para o próprio umbigo e que, presos em idéias mesquinhas e pequenas atrapalham nossa cidade a desabrochar e a deixar de ser apenas a projeção e a promessa de uma metrópole desenvolvida e justa. Projeção esta que nunca se concretiza.
Ninguém, além do próprio povo, tem o poder de mudar a sua história, de alterar o seu rumo. E o momento é propício. Ao se transformar em um dos principais pólos de educação do País, com suas escolas e faculdades públicas e particulares atraindo uma nova leva de moradores sedentos pelo saber, Montes Claros começa a chamar a atenção de empresários e investidores. Podemos chamar a atenção do Brasil. Mas a ausência do poder público pode comprometer este momento que, como os tempos de incentivos da Sudene que não soubemos aproveitar, acontecem em raras oportunidades. Não deixemos passar os bons ventos que hora sopram.
Nada como um sesquicentenário para servir de marco, de divisor de águas na nossa história. Mudando de mentalidade e postura, os montesclarenses podem mudar o seu destino. E podemos começar exigindo dos políticos atitudes mais coerentes e menos egoístas. Chega de se aproveitar da ignorância e da falta de oportunidades de grande parte da população para subjugá-la e se manter no poder. Mudam os líderes, o grupo, o discurso e os métodos, mas o resultado é sempre o mesmo. A vítima é sempre a mesma: o povo.
Precisamos acordar deste século e meio de sono. Temos um povo digno e de uma capacidade infinitamente maior à proporção das oportunidades que lhes são oferecidas. Ao poder público cabe a missão de criar condições para que o talento e o potencial produtivo da sociedade local seja explorado. Valorizar e incentivar quem produz e gera empregos e preparar e qualificar a população para ocupar o mercado de trabalho é função básica de um administrador moderno. Basta-nos saber escolher uma nova safra de líderes que não tenham medo de encarar desafios, de comandar transformações. È preciso pensar grande, planejar grande, realizar grande!
Somos bem maiores do que muitos imaginam. Basta confiar e acreditar na nossa capacidade de transformação. Se formos inteligentes, corajosos e ousados, poderemos, pela primeira vez na prática, tomar as rédeas do nosso destino. E aí, não há desemprego, crise na saúde, buracos, violência ou qualquer outro problema que não seja derrotado sem dificuldades. Se, apesar de todos os problemas, temos o que comemorar nestes 150 anos,imagine só o que poderemos conquistar e realizar à partir de agora, desde que deixemos de ser coadjuvantes para ser atores. Só depende de nós!